Acusados de executar a tiros de fuzil o universitário Matheus Coutinho Xavier, 20 anos, os ex-guardas municipais Juanil Miranda Lima, 43, e José Freires Moreira, o Zezinho, 46, foram incluídos na “Difusão Vermelha” da Interpol, considerada a lista top dos foragidos mais procurados no mundo. A inclusão foi determinada pelo juiz Carlos Alberto Garcete, em substituição na 2ª Vara do Tribunal do Júri.
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Com a decisão, os únicos foragidos da Operação Omertà, que apura a ação do suposto grupo de extermínio chefiado pelos empresários Jamil Name e Jamil Name Filho, passam a ser caçados em mais de 200 países. No entanto, as autoridades suspeitam que eles estejam escondidos no Paraguai ou Bolívia, países que fazem fronteira com Mato Grosso do Sul.
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No despacho de 16 de abril deste ano, Garcete destaca que Zezinho já foi condenado a 18 anos pela execução do delegado aposentado Paulo Magalhães, ocorrida no dia 25 de junho de 2013. Beneficiado por habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça, ele chegou a monitorar o pai de Matheus, o capitão da Polícia Militar, Paulo Roberto Teixeira Xavier, o PX, de tornozeleira eletrônica.
Ao executar o plano, supostamente a mando de Name, ele e Juanil erraram o alvo e mataram o filho de Xavier. O estudante foi brutalmente assassinado no dia 9 de abril do ano passado. Os outros réus pelo crime estão presos: Jamil Name, 80, Jamil Name Filho, 42, o guarda municipal Marcelo Rios, o policial civil Vladenilson Daniel Olmedo e Eurico dos Santos Mota.
Para o magistrado, a inclusão dos dois foragidos na Difusão Vermelha da Interpol é “providência salutar”. Além da execução do estudante, eles são acusados de integrar organização criminosa armada e estruturada responsável por outros homicídios na Capital.
Zezinho é considerado foragido desde maio do ano passado, quando o Garras (Delegacia Especializada na Repressão a Assaltos a Banco e Sequestros) começou a investigar a morte de Matheus. Na época, ele deixou de cumprir a determinação de comparecer uma vez por mês em juízo.
Enquanto a Interpol procura os foragidos, os presos voltam a sentar no banco dos réus. O juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal, conduzirá a audiência de instrução e julgamento nos dias 18, 20, 21, 26, 27 e 29 deste mês. Os integrantes do suposto grupo de extermínio podem ser condenados pelo arsenal de guerra encontrado na casa alugada por Jamil Name no Bairro Monte Líbano, na Capital.
O fim do mês será tenso para os réus, porque nos dias 28 e 29 deste mês, a audiência será na 2ª Vara do Tribunal do Júri, onde respondem pelo assassinato do universitário. Devido à pandemia da Covid-19, as audiências serão por videoconferência.
Outro desfecho da Operação Omertà foi a demissão de mais três guardas municipais na quarta-feira. A Prefeitura de Campo Grande demitiu Igor Cunha de Souza, Alcinei Arantes da Silva e Rafael do Carmo Peixoto Ribeiro, que estão presos desde 27 de setembro do ano passado. Eles são acusados de integrar a suposta organização criminosa chefiada por Jamil Name.
O octogenário continua preso e isolado no Presídio Federal de Mossoró (RN). Novo pedido de habeas corpus foi protocolado nesta semana no Superior Tribunal de Justiça. A prisão domiciliar foi negada pelos juízes Aluizio Pereira dos Santos e Carlos Alberto Garcete, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, e Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal.
Os advogados ainda aguardam o julgamento de pedido de revogação da prisão preventiva no Supremo Tribunal Federal. O habeas corpus está nas mãos do ministro Marco Aurélio, que tem fama de garantista e pode determinar a prisão domiciliar em decorrência da idade e dos problemas de saúde.