O deputado federal Vander Loubet (PT) movimentou R$ 2,6 milhões em suas contas bancárias entre 2012 e 2014 sem comprovar a origem, concluiu investigação da Polícia Federal. O levantamento faz parte da ação penal no Supremo Tribunal Federal, onde o petista é réu junto com o assessor, o advogado Ademar Chagas da Cruz, o empresário Pedro Paulo Leoni Ramos e o doleiro Alberto Yousseff.A denúncia foi aceita por unanimidade na 2ª Turma do STF em 14 de março deste ano. Vander é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato.
De acordo com o procurador geral da República, Rodrigo Janot, o deputado sul-mato-grossense era o nome do PT na suposta organização criminosa instalada na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. O outro integrante seria o senador Fernando Collor de Mello (PTB), o primeiro presidente que sofreu impeachment na história da República por corrupção.
Durante a investigação, peritos da PF fizeram varredura nas contas bancárias e no patrimônio dos envolvidos. A principal constatação é de que Vander movimentou R$ 2,6 milhões sem justificar a origem em três anos.
Foram identificados R$ 34,1 mil em 2012, R$ 115,1 mil em 2013 e R$ 2,495 milhões em 2014, ano em que ele disputou a reeleição e venceu para mais um mandato de deputado federal. Neste ano, quando surgiram as primeiras denúncias da Operação Lava Jato, Loubet deixou de visitar a BR Distribuidora, onde dava sustentação para a manutenção do diretor de Mercado, Andurte de Barros Filho.
A esposa do deputado, Roseli Loubet, também movimentou R$ 722,5 mil sem comprovar a origem em dois anos, sendo R$ 397,6 mil em 2012 e R$ 324,9 mil em 2013. Apesar desta irregularidade, ela foi excluída da denúncia, uma absolvição antecipada pelos ministros da 2ª Turma do STF.
Com a publicação do acórdão na sexta-feira, o Supremo dá andamento à ação penal contra Vander, que pode ser condenado 11 vezes pelo crime de corrupção passiva e cinco por lavagem de dinheiro.
O deputado nega que tenha recebido propina, que somou R$ 1,028 milhão em decorrência de garantir o esquema de corrupção na BR Distribuidora. Sobre o repasse de R$ 400 mil ao assessor, ele usou parte da defesa do advogado, de que se tratava de empréstimo feito pelo empresário Pedro Leoni Ramos.
Vander pede a anulação da denúncia, na qual vê ilações e suposições sem fundamento por parte do procurador geral da República.
Uma das principais sustentações da acusação é a quebra do sigilo nas conversas do deputado e do assessor por meio dos telefones BlackBerry. Todos os bate papos foram enviados pela empresa canadense RIM (Research in Motion). A defesa pede a anulação desta parte do processo.
Além da movimentação financeira atípica, a PF identificou depósitos da suposta propina diretamente na conta de Vander Loubet. Em uma transação, foram depositados R$ 11,5 mil. Em outras 86 transações, os policiais somaram R$ 367.036,13.