A Justiça Federal rejeitou o pedido do pastor evangélico Ivonélio Abrahão da Silva, 48 anos, de revogação da prisão preventiva e de concessão de prisão domiciliar. Além disso, a juíza estendeu a decisão a todos os réus da Operação La Casa de Papel, incluindo Patrick Abrahão Santos Silva, 24, filho de Ivonélio e marido da cantora Perlla.
Ivonélio, Patrick e outros três empresários estão presos desde outubro de 2022, quando a operação foi deflagrada pela Polícia Federal para deter os responsáveis pelo golpe de R$ 4,1 bilhões em 1,3 milhão de investidores em 80 países. Eles são réus por organização criminosa, lavagem de dinheiro, operação ilegal de instituição financeira, gestão fraudulenta e crime contra o patrimônio da União e ambiental.
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A defesa de Ivonélio alega que o crime supostamente praticado não envolveu violência ou grave ameaça e também há constrangimento ilegal pelo excesso de prazo para a tramitação processual. Além disso, informa ter condições de saúde que demandam cuidados cujo tratamento adequado não é oferecido pela prisão onde está e tem uma filha de 13 anos que depende dele para sobreviver.
A juíza Julia Cavalcante Silva Barbosa, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, ao analisar o caso, informa que “há robustos indícios de que IVONELIO ABRAHÃO DA SILVA integre, em tese, organização criminosa dedicada à prática de crimes contra o sistema financeiro nacional, estelionato e lavagem de dinheiro”.
A magistrada aponta que a defesa não apresentou documentos que comprovem a situação debilitada da saúde do réu, que inspire cuidados especiais. Quanto aos cuidados da filha adolescente, está sob responsabilidade da mãe da jovem.
Sobre a alegação de constrangimento ilegal pelo excesso de prazo, Julia Barbosa afirma que a demora é justificada por se tratar de um processo de “alta complexidade”. “A suposta atuação do grupo criminoso atingiu milhares de pessoas, com desdobramentos internacionais, para além de crimes contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro”, justifica.
A juíza aproveita a ocasião para avaliar a prisão de todos os acusados no esquema. Além de Ivonélio , seu filho Patrick Abrahão, e os empresários Fabiano Lorite de Lima, 44, Diego Ribeiro Chaves, 34, Diorge Roberto de Araújo Chaves, 59. Estes permanecem presos preventivamente desde outubro de 2022.
“Em verdade, a prisão preventiva dos réus foi decretada diante de robustos indícios de materialidade e autoria”, argumenta Julia Cavalcante Barbosa. “Frisa-se que a substituição das prisões preventivas por medidas cautelares diversas não é indicada, pois que, neste caso concreto, não se afiguram suficientes para a garantia da ordem pública, da ordem econômica e para assegurar a aplicação da lei penal”.
Desta forma, além de manter a prisão preventiva do pastor Ivonélio Abrahão da Silva, a juíza Julia Cavalcante Silva Barbosa, de ofício, estendeu sua sentença aos demais acusados.
“INDEFIRO o pedido de revogação da prisão preventiva e de concessão de prisão domiciliar formulado por IVONELIO ABRAHÃO DA SILVA bem como, de ofício, MANTENHO a custódia cautelar imposta aos demais acusados presos preventivamente”, determinou a magistrada, em sentença do dia 25 de abril.
Vale lembrar que um dos acusados, Cláudio Barbosa, 45 anos, segue foragido, o que contribuiu para a manutenção da prisão preventiva dos colegas.