Pré-candidato a senador ou governador nas eleições de 2018, o juiz federal Odilon de Oliveira deu os primeiros sinais de como procederá para chegar com a imagem intacta no pleito. Nesta quinta-feira, 6 de julho, ele acionou dois advogados contra comentários feitos em grupos de whatsapp de que “nunca foi santo”. A Polícia Federal também intimou o autor da linha telefônica.
O magistrado ficou ofendido com os comentários feitos em dois grupos do aplicativo pelo corretor de imóveis Urias Fonseca da Rocha, 55 anos, que foi candidato a vereador pelo PCdoB em Campo Grande nas eleições do ano passado.
Foram quatro comentários e até leves em relação aos feitos contra outros políticos. O corretor rebateu os elogios feitos sobre a figura do magistrado, acostumado com notícias dos jornais e emissoras de televisão em descrevê-lo como “herói”no combate ao crime organizado na fronteira de Mato Grosso do Sul. Os comentários são para desmistificar a figura do magistrado.
“Não é essa honestidade toda, não é essa companheirada toda. Não é tudo isso, não. Tem muita gente enganada”, afirmou o corretor, no primeiro comentário que ofendeu o magistrado.
No segundo, no mesmo grupo, Urias insiste na afirmativa. “Que o Odilon não é esse herói todo, não”, comentou. Ele ainda grava comentário de voz para destacar que “esse Odilon nunca foi santo”.
Ontem à tarde, o corretor de imóveis recebeu a notificação extrajudicial de dois advogados, Tiago Franco e Fábio Andreassi. Eles destacam que Urias pode ser alvo de ações por crime contra a honra e de indenização por danos morais.
Odilon pede que ele publique nota de retratação nos grupos e com o texto aprovado pelo magistrado no prazo de 72 horas. Se não houver a retratação, Urias será acionado na Justiça.
Por ser dono da linha telefônica que fez o comentário, ele foi intimado, logo em seguida, pela Polícia Federal para comparecer à unidade, às 14h desta sexta-feira, por comentários políticos. A intimação é assinada pelo delegado Fernando Rocha Rodrigues da Silva, que ainda o alerta de que se não comparecer poderá ser alvo de condução coercitiva em nova data.
O juiz federal confirmou que recorreu à intimação judicial porque teve a honra atacada nas manifestações escritas e gravadas nos grupos de whatsapp. “Ele atacou a minha moral”, frisou.
Para o magistrado, a internet é livre, mas tem que ter limites. “Minha moral não pode ser atacada sem provas”, alertou.
“Não pode chamar de desonesto, porque é ladrão”, destacou, sobre a preocupação em preservar a imagem diante do atual quadro político, em que se tenta nivelar todos por baixo, de que são corruptos ou suspeitos de corrupção.
Odilon negou que tenha acionado a Polícia Federal para apurar o caso. “Se a pessoa recebeu intimação da polícia para prestar depoimento, com certeza, não se refere ao fato relacionado à minha pessoa. Deve ser por outro fato, logicamente relacionado a outra pessoa”, ressaltou.
O delegado Fernando da Silva confirmou o depoimento a respeito da linha telefônica de Urias, mas não quis repassar mais detalhes porque não concede entrevista por telefone. A assessoria da PF não atendeu às ligações.
Este não é o primeiro caso político e as redes sociais que é investigado pela Policia Federal. Desde maio, a corporação apura os autores de boatos contra a então candidata a prefeita de Campo Grande, a vice-governadora Rose Modesto (PSDB).
Para apurar os autores do boato de que militantes tucanos foram presos comprando votos para a candidata, a PF convocou blogueiros e jornalistas, como os jornalistas Dante Filho e Eliezer David, assessores do prefeito Marquinhos Trad (PSD), e o dono do Correio do Estado, Antônio João Hugo Rodrigues.
O único objetivo do inquérito é saber quem começou o boato publicado no Facebook na véspera da votação em outubro do ano passado.
Com os dois casos, a PF sinaliza que vai acompanhar de perto os boatos divulgados pelos aplicativos de bate papo e nas redes sociais.