A Justiça Federal manteve a prisão preventiva dos irmãos Hermógenes Aparecido Mendes Filho, 49 anos, e Ronaldo Mendes Nunes, 40, acusados de serem chefes do esquema ligado ao tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e ligação com o Comando Vermelho. A advogada Cristiane Maran Milgarefe da Costa teve prorrogado o uso de tornozeleira eletrônica por mais 90 dias.
O grupo foi alvo da Operação Sanctus, deflagrada pela Polícia Federal em 8 de dezembro de 2023. Hermógenes Aparecido foi preso, enquanto Ronaldo conseguiu fugir, ele estava em Pedro Juan Caballero, e segue foragido até hoje. A 5ª Vara Federal de Campo Grande aceitou a denúncia contra oito acusados de fazerem parte da organização criminosa.
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“O cárcere cautelar é imprescindível para cessar as atividades do grupo criminoso, notadamente porque diligências realizadas no curso das investigações demonstraram que o grupo criminoso estava plenamente operacional”, justificou o juízo para manter as prisões.
“Além disso, subsiste gravidade em concreto das condutas imputadas, notadamente pelo grande volume de transações relacionadas à atividade de tráfico de drogas, além da manutenção de arsenais de armas de fogo, com fuzis e outras armas de uso restrito, a reforçar o alto grau de periculosidade da organização”, prosseguiu.
A advogada Cristiane Maran Milgarefe da Costa também chegou a ficar presa, mas teve revogada sua prisão domiciliar, mas mediante a utilização de tornozeleira eletrônica, prorrogada por mais três meses.
“Isso porque, consta que a ré mantinha relacionamento afetivo com Hermógenes Aparecido Mendes Filho, acompanhando as tratativas de negociação de entorpecentes, além de atuar na ocultação de recursos provenientes do tráfico internacional de drogas por Hermógenes, suposto líder da organização”, fundamentou o juízo, conforme decisão publicada na sexta-feira (12).
Operação Sanctus
Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, entre 2014 até a Operação Sanctus, os acusados teriam se associado ao tráfico para trazer drogas de outros países para o Brasil e obter as vantagens financeiras decorrentes da “lavagem” do dinheiro conquistado ilegalmente, “de forma estável e permanente”.
Hermógenes Aparecido coordenava a logística do tráfico de drogas e promovia a “lavagem” do dinheiro obtido com a atividade ilícita, fazendo circular “elevados valores” pelas contas de Cristiane Maran. As operações eram feitas com dinheiro em espécie para dificultar o rastreamento da origem e do destino dos valores. A advogada também fazia o pagamento de despesas do empresário, apontado como seu amante.
Além do trio, foram denunciados Wuillhan Rojas, 38 anos, Markus Verissimo de Souza, 25, Luan Yamashita Gonçalves, 33, Jair Marques Neto, 48, Eduardo Faustino dos Santos, 51, e Heitor de Oliveira Buss, 49.
Rojas seria uma espécie de “braço-direito” de Hermógenes, além de administrar seus imóveis rurais e servir como “laranja” para seus negócios. Markus Verissimo, genro de Aparecido, era um “faz-tudo” e administrador de pagamento de contas.
Ronaldo Mendes utilizava suas empresas, no Brasil e no exterior, para reinserir o dinheiro obtido ilicitamente no mercado formal. Luan Yamashita o auxiliava, sendo responsável pelos pagamentos fracionados, pela contabilidade das empresas e pelo controle das contas e documentos, além de outras atividades do dia-a-dia da organização.
Ronaldo Faustino, sócio de um escritório contábil, fraudava os dados contábeis e fiscais dos líderes da organização criminosa, com o intuito de ocultar a origem ilícita dos recursos.