A cúpula do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian também recebeu plantões para inflar os salários durante a pandemia da covid-19. O exemplo da presidente Rosana Leite de Melo foi seguido pelos demais diretores da instituição, referência no combate à doença, mas que se negou a pagar insalubridade aos demais servidores por falta de recursos.
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Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde destacou que não há irregularidades no pagamento do adicional. “Todos os pagamentos estão dentro da lei. Os diretores possuem EAE, possibilitando o recebimento de plantões”, afirmou.
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Apesar de ocupar cargo de diretora-presidente do HRMS, Rosana chegou a receber 96 plantões em agosto deste ano, que lhe garantiu extra de R$ 11 mil. No total, o salário da dirigente passou de R$ 19.084,48 para R$ 37.238,47 no 8º mês do ano. Em junho deste ano, conforme o Portal da Transparência, o total pago a chefe da unidade chegou a R$ 46,1 mil, acima do teto previsto em lei do funcionalismo público estadual, que é o subsídio de R$ 35.462,28 pago ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
Outros diretores também foram contemplados com o pagamento de plantões, mesmo ocupando função de confiança e recebendo adicional para se dedicar ao cargo. A diretora técnica, Ptrícia Rubini, tem dois cargos de médica, que lhe garantem salário base de R$ 12.292,37 e R$ 19.498,94. Ele chegou a acumular vencimento de R$ 55.587,12 em julho deste ano.
De acordo com o Portal da Transparência, Patrícia teve dois adicionais eventuais naquele mês, de R$ 5,8 mil e R$ 17,8 mil, que incluem o pagamento de adicionais da função e plantões. No mês passado, o salário da diretora somou R$ 34,2 mil, com um adicional de R$ 2,2 mil.
A diretora geral de Atenção à Saúde do hospital, Marielle Alves Corrêa Esgalha, também acumula dois cargos de profissional em saúde, com salário de R$ 12,2 mil e R$ 19,4 mil. Em outubro deste ano, ela recebeu R$ 49.643,51, que incluiu o adicional de R$ 17,9 mil.
Também foram contemplados com o pagamento de plantões os diretores administrativo, Ana Paula Cangussu Silva Rosa Pires, financeiro, Danilo de Souza Vasconcelos, e de enfermagem, Ana Paula Souza Borges Bueno.
Danilo mais que dobrou o salário com o pagamento de adicionais eventuais. Com vencimento base de R$ 2.598,23, ele acabou recebendo salário de R$ 6.322,87. O adicional de R$ 3.723,64 foi pago nos últimos seis meses. Ana Paula Pires elevou o vencimento de R$ 4,765,61 para R$ 10.333,17. A chefe da enfermagem conseguiu receber R$ 12.325,33, mais que o dobro do salário base de R$ 5,1 mil.
A Secretaria Estadual de Saúde admitiu que houve pagamento de plantões para todos os diretores do HR. “Foi pago plantões para todos os diretores técnicos, administrativos, enfermagem e do gabinete de crise. Também foi pago plantão para todas as pessoas que construíram e participaram ativamente do plano de enfrentamento da covid do HRMS”, informou.
Conforme o Governo, os médicos e enfermeiros que atenderam e continuam atendendo os pacientes da covid-19 também receberam.
“O Hospital Regional de Mato Grosso do Sul se tornou referência no atendimento de coronavírus em Mato Grosso do Sul, passando por todo um planejamento estratégico, incluindo o aumento de números de UTI, que foi de 29 leitos de UTI para 118. Isso contou com toda uma equipe trabalhando 24h por dia nos sete dias por semana no atendimento a pacientes com COVID-19. Desde o início da pandemia o Hospital Regional atendeu cinco mil pacientes”, informou a secretaria.
No entanto, a divulgação do pagamento de plantões para a diretora-presidente do hospital teria causado indignação e revolta entre os trabalhadores da unidade nesta segunda-feira. Para a maior parte, Rosana não teria direito ao plantão, porque ocupa cargo de dedicação exclusiva, já que, oficialmente, é a presidente do segundo maior hospital de Mato Grosso do Sul.
Na sexta-feira, em nota, o Governo destacou que ela tem contrato para cumprir apenas 36 horas semanais.