A avalanche de denúncias de corrupção não enfraqueceram os políticos tradicionais em Mato Grosso do Sul. Oficialmente, ninguém fala da campanha de 2018, porque está muito longe, mas todo mundo trava uma guerra sem precedentes nos bastidores de olho na sucessão de Reinaldo Azambuja (PSDB).
A estratégia principal será impedir o “novo” na política, que poderia ter chance de vencer qualquer um dos políticos da velha guarda, com a imagem abalada pelos sucessivos escândalos.
Apesar da Operação Lama Asfáltica e da tornozeleira, adereço que usou por quase uma semana, o ex-governador André Puccinelli (PMDB) continua a todo vapor e age como favorito na disputa.
Longe do poder há quase três anos, ele não sabe o que é aquela fase em que só as moscas rondam políticos sem mandato. O peemedebista tem mantido agenda lotada. Ele vem conversando com políticos de todas as ideologias. Até inimigos o procuram, como foi o caso do presidente regional do PP, o ex-prefeito da Capital, Alcides Bernal.
Até o ex-BBB Ilmar Fonseca, o Mamão, que já o chamou de golpista, conversou com o ex-governador.
Puccinelli age como pré-candidato a governador, mas desconversa quando é questionado oficialmente sobre a hipótese. Ele tem dito que só vai tomar a decisão no final de novembro. Inicialmente, ele anunciaria em julho, mas postergou a decisão após a Operação Máquinas de Lama, em que foi obrigado a prestar depoimento na Polícia Federal.
O ex-governador sonha em voltar ao Governo em 2018 para concluir a emblemática obra do Aquário do Pantanal, que está parada desde a posse do tucano. No entanto, ele sabe que as denúncias – como a cobrança de propina de R$ 2,3 milhões da Odebrecht e de R$ 112 milhões da JBS – podem melar o seu sonho.
Ele tem confidenciado a amigos e aliados que não vê com bom olhos a movimentação do presidente da Assembleia Legislativa, Junior Mochi (PMDB). O deputado vem se movimentando para se habilitar como candidato a vice-governador na chapa de Reinaldo Azambuja (PSDB).
Apesar das denúncias de corrupção que assombram o seu Governo, como o pagamento de propinas em troca de incentivos fiscais, o tucano é visto como nome forte por alguns políticos.
Mochi não é o único a brigar pela vaga na chapa tucana. O presidente regional do PSD e secretário municipal de Governo na Capital, Antonio Lacerda, aproximou-se muito dos tucanos nos últimos meses com o mesmo objetivo.
Oficialmente, Lacerda nega de forma veemente que esteja próximo dos tucanos. No entanto, entre os integrantes da administração de Marquinhos Trad (PSD) já não escondem a preocupação do advogado com a administração tucana.
Até revelam que o secretário de Governo chegou a proibir críticas ao governador tucano em uma das reuniões. Ele também negou que tenha vetado comentários desabonadores ao tucano.
O problema é que Lacerda pode comprometer o projeto da família Trad, que inclui o prefeito, o ex-prefeito Nelsinho Trad (PTB) e o ex-deputado federal Fábio Trad. Eles trabalham com a hipótese de lançar a candidatura a governador do primo, o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM).
Ex-secretário de Saúde na gestão de Nelsinho, ele já dá sinais de que sonha mais alto em 2018. O deputado votou contra a polêmica Reforma Trabalhista, que penaliza os mais pobres, e a favor da investigação da denúncia de corrupção contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB). Mandetta largou mão das polêmicas propostas do Democratas para adotar uma postura mais de centro, o que o torna menos desgastado junto à opinião pública.
No horário eleitoral do DEM, Mandetta adotou uma postura mais crítica a Temer, rejeitado por 91% dos brasileiros, e ao governador Reinaldo Azambuja, do qual sempre foi um aliado incondicional.
Além de André, Reinaldo e Mandetta, ainda podem ser candidatos o presidente da Cassems, Ricardo Ayache, e o juiz federal Odilon de Oliveira. Os dois são considerados nomes novos na política e poderiam surpreender nas urnas.
No entanto, apesar das medidas para reduzir o custo das eleições, uma campanha a governador é cara e nem todo mundo, que se imagina ainda honesto, tem condições de entrar no jogo. Afinal, tem muita gente que não gosta de votar de graça.
Não é a toa que a corrupção perdura no País, apesar da nossa indignação, da nossa revolta…