Depois da dívida explodir durante a intervenção decretada pelo então prefeito Nelsinho Trad, a Santa Casa de Campo Grande registra queda no endividamento e contabiliza superávit pelo segundo ano consecutivo. Os números contradizem os dados dramáticos apresentados durante a negociação para ampliar o repasse do poder público neste mês.
Conforme o balanço publicado nesta terça-feira, o superávit foi de R$ 12,094 milhões no ano passado, o segundo consecutivo, mas houve queda de 57% em relação aos R$ 28,5 milhões contabilizados em 2015.
A gestão de Esacheu Nascimento, o presidente da Associação Beneficente, reduziu o endividamento total nos últimos dois anos, de R$ 199,4 milhões em 2014 para R$ 172,9 milhões em 2016.
O hospital pleiteia o acréscimo de R$ 3,5 milhões no repasse mensal a ser feito pela prefeitura e pelo Governo estadual. No ano passado, a receita somou R$ 320,5 milhões, contra R$ 304,1 milhões de 2015. Por outro lado, a despesa saltou de R$ 259,1 milhões para R$ 293,3 milhões.
Chama a atenção o gasto com serviços terceirizados, que alcançou R$ 72,8 milhões em 2016, contra R$ 68,6 milhões no anterior. Condenado por auditorias realizadas pelo Ministério da Saúde, a terceirização só vem abocanhando mais recursos a cada ano na instituição.
O prefeito Marquinhos Trad (PSD) rechaçou a proposta de ampliar os recursos para o hospital, mas prometeu adotar medidas para acabar com o envio de pacientes com menos gravidade ao local. Jornais chegaram a celebrar que a Santa Casa deixará de ser “postão”.
No entanto, se o leitor mais atento prestar atenção, ele vai se recordar que há anos a Santa Casa assumiu o compromisso de só atender pacientes encaminhados pelos postos de saúde. O mesmo vale para os outros dois hospitais públicos (HU e HR).
A crise na saúde continua, porque os novos leitos não foram abertos em nenhum novo hospital. Pacientes continuam internados em locais improvisados nos centros regionais de saúde e UPAs.
Apesar da ofensiva do Ministério Público e da Justiça para tentar encontrar uma solução para o problema, de prático, até o momento, só houve a reclamação do prefeito de que não aguenta mais cobranças.
Enquanto uns se queixam, outros tentam desqualificar o trabalho de quem busca solução e, ainda, há os que querem aproveitar o caos para ganhar mais dinheiro. E o paciente, coitado, fica dependente das orações para não morrer sem atendimento na fila do SUS.