Tradicional e essencial na mesa do brasileiro, o preço do arroz disparou nos supermercados e vem assustando o consumidor. O pacote de cinco quilos, normalmente vendido a R$ 15, pode ser encontrado a quase R$ 30 em Mato Grosso do Sul. Em Campo Grande, o valor do quilo do produto acumula alta de 76% neste ano.
[adrotate group=”3″]
Para desalento do campo-grandense, outros itens da cesta básica também dispararam. De acordo com o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), o óleo de soja teve alta de 31,85% neste mês em Campo Grande, o maior entre as 27 capitais. Carne ficou 8,89% mais caro.
Veja mais:
Boi some, preço da carne sobe 55% e pacote de Reinaldo “salga” churrasco de fim de ano
Sob grito de “vagabundos”, 15 deputados aprovam aumento de impostos de Reinaldo; veja quem votou a favor
Reinaldo reduz em 60% imposto para donos de ônibus e eleva ICMS sobre a gasolina para 30% em MS
No entanto, esta é a primeira vez que o vilão da inflação é um produto essencial. Nos últimos anos, o brasileiro tinha a opção de trocar o produto, como foram os aumentos polêmicos do tomate, da carne bovina, do leite, do feijão e do chuchu.
O arroz é o principal prato no País. Em Campo Grande, consumidor espantou-se com o valor do pacote ao fazer a compra do mês. Os preços das marcas tradicionais estão oscilando entre R$ 22 e R$ 24,98 nos principais supermercados. Na promoção, o consumidor encontra o pacote de cinco quilos custando entre R$ 16,90 a R$ 19.
Levantamento do DIEESE apontou aumento de 35,68% no valor médio do quilo do produto na Capital entre fevereiro e agosto deste ano, de R$ 2,83 para R$ 3,84. Isso significa que o pacote oscilou de R$ 14,15 para R$ 19,20 na cidade. Em Amambai, a 342 quilômetros da Capital, o pacote pode ser encontrado a R$ 29,60.
O aumento dos principais itens fizeram o preço da cesta básica acumular alta de 18,71% em 12 meses na Capital, chegando a R$ 484,46, o 7º maior do País, de acordo com o DIEESE. Para uma família composta por quatro pessoas, a compra de produtos básicos custa R$ 1.453,38.
De acordo com a Andréia Ferreira, supervisora técnica do escritório do DIEESE em MS, o aumento no preço do arroz é reflexo da queda na oferta do produto e no aumento da demanda. Os produtores têm segurado o estoque.
A situação se agravou com a política do Governo Federal, iniciada na gestão de Michel Temer (MDB), de diminuir os armazéns da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). A economista classifica a estratégia como “equivocada”.
“E tem o dólar também – que não sai da casa dos R$ 5,00. Os produtores conseguem manter até o mesmo volume exportado, mas ganham mais, pelo câmbio”, explica Andréia. “Infelizmente, esse cenário pode persistir. Não há previsão para aumento da oferta do cereal e com a demanda aquecida, porque as pessoas estão se alimentando mais em casa, o cenário é desanimador para o consumidor”, conclui, prevendo elevação do preço do pacote de arroz nos próximos dias.
Na semana passada, o comitê decidiu manter a tarifa externa comum do arroz, que implica na cobrança de taxa de 16% sobre o produto importado do Mercosul. Caso a tarifa fosse suspensa ou reduzida, a quantidade de arroz no mercado interno seria maior e haveria queda no preço ao consumidor.
A explosão nos preços do arroz e outros itens da cesta básica já chegaram ao presidente da República. Na semana passada, Jair Bolsonaro (sem partido) pediu mais “patriotismo” e sacrífico aos donos de supermercados para segurar os preços.
“Estamos conversando, estou pedindo um sacrifício, um patriotismo, para os grandes donos de supermercados, para manter o preço na menor margem de lucro”, apelou. Ele atribuiu o encarecimento dos produtos essenciais ao auxílio emergencial, pago pelo Governo para desempregados, profissionais liberais e trabalhadores autônomos durante apandemia.
“O pessoal começou a gastar um pouco mais, muito papel na praça, a inflação vem”, explicou o presidente.