Destaque nacional por ter o menor número de casos de infectados pelo novo coronavírus, Campo Grande tem o maior número de mortes por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave). O número de óbitos por doenças respiratórias de janeiro a junho deste ano já é 96% maior que o total registrado em todo o ano de 2019, conforme reportagem da TV Morena.
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Os dados reforçam a polêmica levantada na semana passada pelo microbiologista da Universidade de São Pauloo, Átila Iamarino, do risco de subnotificação das mortes causadas pelo coronavírus nas capitais do Centro-Oeste e sul do País.
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“Pra quem é de estados com poucos casos de Covid-19, como MG, PR, MS e outros nessa lista, cuidado com essa síndrome respiratória aguda que também tá matando. Ela cresceu como a Covid, mata como a Covid, é infecciosa como a Covid. Mas só é mais comum onde não se testa Covid-19”, postou Iamarino no Twitter. O gráfico compartilhado pelo pesquisador viralizou em Mato Grosso do Sul.
Os números divulgados ontem (11) pela TV Morena reforçam a suspeita de subnotificação, negada pelo secretário municipal de Saúde, José Mauro Castro Filho. No entanto, a hipótese é admitida pelo pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz e ex-diretor do Ministério da Saúde, Júlio Croda.
De janeiro a junho deste ano, 96 pessoas morreram, de SRAG em Campo Grande. O número é quase o dobro do total de óbitos (49) causados por doenças respiratórios de janeiro a dezembro do ano passado. A Secretaria Municipal de Saúde contabilizou 942 casos neste ano, contra 998 em 2019.
Croda afirmou que não é possível descartar a hipótese de subnotificação das mortes causadas pela covid-19, porque pode ocorrer falhar na testagem. O pesquisador explicou que o exame pode dar negativo caso o material não tenha sido coletado ou armazenado corretamente.
A superintendente de Vigilância em Saúde da Sesau, Veruska Lahdo, o aumento é decorrente da notificação de todas as mortes causadas por doenças respiratórias. Devido à pandemia da covid-19, as unidades de saúde passaram a informar todos os casos de pacientes com doenças respiratórias, o que explicaria o aumento expressivo no número de mortes não identificadas.
A mesma opinião tem o secretário municipal de Saúde. Castro Filho disse que todos os pacientes com sintomas foram testados para a covid-19 e não há subnotificação. Ele explicou que das 96 mortes registradas, oito foram causadas pelo coronavírus, sete por H1N1, 2 por influenza e 80 não tiveram o vírus identificado.
Até a Secretaria Estadual de Saúde correu para rebater as insinuações de Iamarino. “Os óbitos de SRAG que tem resultado negativo após testagem para todos esses vírus respiratórios são encerrados no sistema de informação Sivep-Gripe como óbito por SARG não especificada”, informou em nota ao Midiamax, frisando que segue orientação do Ministério da Saúde.
No entanto, os números divulgados nesta quinta-feira (11) acenderam o sinal de alerta em Campo Grande. Pela primeira vez desde a notificação do primeiro caso de covid-19 em 14 de março deste ano, a cidade teve mais de 100 casos confirmados em 24 horas.
Antes de chegar a 560 pessoas infectadas, a Capital vinha, no máximo, registrando de 20 a 30 casos novos por dia. No entanto, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) procurou tranquilizar a população ao destacar que a maioria dos casos se refere a pacientes curados e que apresentaram sintomas leves da doença.