O Governo do Estado demitiu os dois primeiros funcionários denunciados na Operação Lama Asfáltica, que desvendou o maior esquema de corrupção em Mato Grosso do Sul. Um dos demitidos é o fiscal de obras e ex-deputado Wilson Roberto Mariano de Oliveira, o Beto Mariano, réu em seis ações por improbidade que cobram R$ 841,2 milhões, e duas por lavagem na Justiça Federal.
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Preso por um ano e 21 dias, ele teve nova prisão preventiva solicitada na semana passada pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Além disso, o engenheiro foi o responsável pela construção da ponte sobre o rio Santo Antônio, em Jardim, que caiu em efeito dominó cerca de um ano após ser inaugurada.
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Apontado como braço direito do ex-secretário estadual de Obras, Edson Giroto, único preso por ter sido condenado a quase dez anos por integrar o esquema criminoso, Beto Mariano tem salário de R$ 23,1 mil por mês. Mesmo preso no ano passado, ele chegou a ser promovido pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB), enquanto milhares de servidores continuam sem o benefício.
Acuado pela repercussão, a administração suspendeu o pagamento de salário para Mariano. Ele recorreu à Justiça e conseguiu voltar a receber a remuneração, porque não foi condenado e a prisão era provisória.
Nesta quarta-feira (7), o Governo concluiu processo administrativo instaurado no ano passado, três anos após o início da Operação Lama Asfáltica, e concluiu pela demissão de Beto Mariano. Conforme decreto do governador Reinaldo Azambuja, ele foi demitido a bem do serviço público por violar os deveres funcionais.
A exoneração do cargo que ocupou por décadas pode ser o início do inferno astral do engenheiro. O processo pela ocultação de R$ 4,3 milhões na compra de fazendas com Giroto está na fase das alegações finais e a sentença pode ser prolatada nos próximos dias pelo juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande.
Mariano pode enfrentar o segundo julgamento na Justiça Federal, desta vez junto com o ex-governador André Puccinelli (MDB), pelo suposto prejuízo de R$ 142 milhões aos cofres públicos.
Já na esfera estadual, ele responde a seis ações por improbidade administrativa e pode ser condenado a pagar R$ 841,2 milhões aos cofres públicos. Várias levaram ao bloqueio dos bens do ex-servidor.
Outro réu na Lama Asfáltica demitido hoje é o fiscal de obras Fausto Carneiro da Costa Filho. Ele é réu em duas ações, por improbidade na estadual e por corrupção e lavagem de dinheiro na federal.
Na 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, a única ação contra Fausto foi protocolada pelo Governo do Estado, a partir do compartilhamento de provas pela Justiça Federal, em que cobra a devolução de R$ 603,7 milhões.
O Campo Grande News informou que a Controladoria-Geral do Estado abriu dez procedimentos contra funcionários investigados na Operação Lama Asfáltica.
Alguns investigados foram até promovidos, como é o caso de Jader Rieffe Julianelli Afonso, ex-secretário estadual de Fazenda na gestão de Puccinelli. Investigado na Operação Lama Asfáltica pela Polícia Federal, ele foi nomeado secretário especial e indicado para ser o secretário-executivo do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central.
Conforme o Portal da Transparência, Afonso acumula o vencimento de R$ 46,2 mil como auditor fiscal com o subsídio de R$ 12,1 mil como assessor especial do Governo. Ele não foi denunciado, até o momento, apesar de ser ter sido alvos de mandados de busca e apreensão e ser convidado para prestar depoimento na PF.
Beto Mariano e Fausto Filho poderão recorrer à Justiça contra a demissão. O caso mais notório é o de Sérgio Roberto Carvalho, o major Carvalho, que foi condenado por tráfico de cocaína e lavagem de dinheiro, mas segue recebendo R$ 11 mil por mês graças à decisão judicial.