A realização de perícia para apurar a culpa do chefe de obras Wilson Roberto Mariano de Oliveira, o Beto Mariano, réu na Operação Lama Asfáltica, e da Wala Engenharia no desabamento da ponte construída sobre o Rio Santo Antônio, em Guia Lopes da Laguna, emperrou uma obra milionária. Orçada em R$ 4,4 milhões, a nova ponte só poderá ser construída após a retirada dos escombros da antiga.
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No entanto, a Prudenstaca – Sociedade de Engenharia e Construção só poderá retirar o material do leito do rio após a realização de perícia para apurar a causa do desmoronamento da ponte em 2 de janeiro de 2016, três anos após ser inaugurada.
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A ponte de 72 metros de comprimento por cinco metros de largura foi construída pela Wala Engenharia, de Campo Grande, que recebe R$ 1,252 milhão, contratada em 7 de julho de 2011. O então governador André Puccinelli (MDB) a inaugurou em abril de 2012.
Três anos e nove meses depois, a obra desmoronou como se fosse “dominó empilhado” e a imagem ganhou contornos de escândalo nacional. A queda causou transtorno aos motoristas da MS-382 e era o principal acesso entre Guia Lopes e Antônio João.
Somente um ano depois, em 14 de março de 2017, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) concluiu a licitação e contratou a Prudenstaca, fundada em 1973 em Presidente Prudente (SP)e com capital social de R$ 5,3 milhões. O valor do contrato quadruplicou em relação ao anterior, de R$ 1,2 milhão para R$ 4,425 milhões.
De acordo com o Governo, as razões do encarecimento: a ponte passou de 72 para 80 metros, deixou de ser pista simples e ganhou passarela. A obra deveria ficar pronta em seis meses. Em setembro, a Agesul prorrogou o contrato em mais quatro meses.
O problema é que os escombros inviabilizam a obra da nova ponte. No entanto, a estrutura da “ponte dominó” só pode ser retirada após a coleta de provas.
Para agilizar a análise, a Agesul recorreu à Justiça para pedir, em regime de urgência, a coleta antecipada de provas. O órgão suspeita que houve falha do ex-deputado Beto Mariano, responsável técnico pelo projeto, e da construtora.
De acordo com o procurador jurídico do órgão, Paulo José Dietrich, os escombros ameaçam o meio ambiente e comprometem o andamento da obra milionária tucana. O pedido foi feito em agosto do ano passado.
O juiz Vinícius Pedrosa dos Santos, de Jardim, determinou que o Instituto de Perícias Científicas, da Capital, faça a perícia. Mariano e a Wala já se manifestaram, mas ainda não houve o levantamento no local do incidente.
A coleta antecipada de provas poderá garantir eventuais ações por parte do Estado e do Ministério Público pelos danos causados ao erário. A perícia terá o objetivo de identificar se ocorreram falhas e quem foram os responsáveis pelos eventuais erros. Uma das suspeitas é de que ocorreu vício do projeto ou de construção.
Mariano foi um dos primeiros alvos da Operação Lama Asfáltica, realizada em julho de 2015, quando foi afastado cargo na Agesul pela Justiça Federal.
Ele teve a prisão decretada na Operação Fazendas de Lama, denominação da 2ª fase, e já se tornou réu em duas ações penais. Um dos funcionários de confiança do ex-secretário estadual de Obras Edson Giroto, réu em seis ações penais, ele chegou a ser cotado para comandar o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre).
Agora, é alvo de ação da Agesul e pode ser responsabilizado por eventual falha no projeto da ponte sobre o Rio Santo Antônio.
Esta não foi primeira ponte a ruir. A segunda ocorreu nesta semana em Jardim. Inaugurada no final de 2014, com investimento de R$ 897,4 mil, a ponte de concreto sobre o Rio dos Velhos também teve danos na estrutura e foi interditada.
Neste caso, a construtora foi a SIPAV Construção e Incorporação Ltda. O Governo anunciou a realização de perícia para descobrir as causas do problema.
O jogo das seis questões
O Governo solicitou ao perito que responda a seis questionamentos para tentar esclarecer os problemas que causaram a queda da ponte sobre o Rio Santo Antônio.
Não estão inclusos os questionamentos feitos pelo MPE, por Mariano e pela empreiteira:
- identifique o Sr. Perito as causas que levaram ao desabamento da ponte;
- esclareça se houve vício de projeto ou de construção;
- se houve o emprego de materiais inadequados e de baixa qualidade;
- se foram empregados materiais em números e qualidade conforme as exigências da fase de licitação;
- se ocorreram vícios de projeto e obra.
- Esclareça se é possível imputar a responsabilidade pelo colapso da ponte ao Responsável pelo Projeto; Ao responsável pela execução ou a ambos.
*Perguntas feitas na ação de antecipação de coleta de provas
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