A polêmica agressão de um operário de frigorífico, que acirrou a briga entre guardas municipais e policiais militares em 2015, teve um desfecho na Justiça. O juiz da 4ª Vara Criminal, Wilson Leite Corrêa, condenou os dois guardas municipais por abuso de autoridade, lesão corporal dolosa e pela subtração de R$ 150 a seis anos e quatro meses de reclusão em regime fechado e a perda dos cargos na Prefeitura Municipal de Campo Grande.
Eles foram considerados culpados pela agressão contra Aliomar Martinêz, ocorrida na madrugada 3 de abril de 2015. Na época, os dois funcionários municipais foram presos pela Polícia Militar após a intervenção do Batalhão de Choque no antigo terminal rodoviário, no Bairro Amambaí.
Conforme a denúncia feita pelo MPE (Ministério Público Estadual), Aliomar deixou a bicicleta na frente da base da Guarda Municipal. Ao retornar, ele encontrou os pneus murchos e foi abordado pelos guardas.
Eles pediram os documentos e começaram a chamá-lo de “vagabundo”. Ele mostrou o crachá aos agentes, mas foi ignorado. Éder Neves Alves e Thiago Henrique Pizani teriam agredido o homem com socos e chutes. Antes de mandarem-no deixar o local, jogaram spray de pimenta e subtraíram R$ 150 da carteira da vítima.
Machucado e sem enxergar, ele acabou pedindo ajuda a um segurança, que acionou a PM. Os policiais militares encaminharam a vítima para atendimento médico e prenderam os guardas municipais. Houve uma polêmica imensa na ocasião.
Para o juiz, testemunhas e o laudo pericial comprovaram o abuso de autoridade e lesão corporal. Pesou na avaliação judicial, o fato da vítima não ter antecedentes criminais.
Por isso, em sentença de 12 de dezembro do ano passado, publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial, Corrêa condenou os guardas a perda dos cargos e a seis anos e quatro meses de reclusão e seis meses de detenção em regime fechado.
Contudo, como eles compareceram a todas as audiências, vão poder recorrer em liberdade e as penas só serão cumpridas quando a sentença transitar em julgado.
Em depoimento à Justiça, Éder e Thiago negaram que tenham agredido o funcionário do frigorífico e o roubo de R$ 150.
O magistrado ainda determinou a abertura de inquérito policial para apurar o crime de falso testemunho de dois depoentes, que divergiram dos fatos apresentados na denúncia.