Cinco anos após o polêmico roubo da propina de R$ 300 mil destinada ao corretor de gado José Ricardo Guitti Guímaro, o Polaco – ocorrida em 27 de novembro de 2017 – a ação penal contra os sete envolvidos no assalto entra na fase das alegações finais. A determinação da juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, da 4ª Vara Criminal de Campo Grande, foi publicada nesta terça-feira (29). O processo tramita em sigilo.
Em março deste ano, a magistrada publicou a sentença e absolveu Rodrigo por falta de provas. O promotor Fábio Ianni Goldfinger deu parecer pela absolvição. Reinaldo chegou a ser citado no inquérito e o caso foi encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça, que arquivou o caso contra o tucano em agosto deste ano.
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Conforme despacho publicado no Diário Oficial da Justiça desta terça-feira, a magistrada limitou-se a dizer: “Intime-se para oferecimento das alegações finais”. Os réus já tinham sido notificados em março deste ano, também no diário, para apresentar as alegações finais.
Os promotores Marcos Alex Vera de Oliveira e Clóvis Amauri Smaniotto denunciaram o sargento da Polícia Militar e primo de Reinaldo, Hilarino Silva Ferreira, o despachante David Cloky Hoffmann Chita, Luiz Carlos Vareiro, Jozué Rodrigues das Neves, o Cézar Cantor, Vinícius dos Santos Kreff, Fábio Augusto de Andrade Monteiro e Jefferson Braga de Souza, o Jê.
Conforme a denúncia, Vareiro liderou os últimos quatro réus a interceptar o comerciante Ademir José Catafesta, que tinha pego os R$ 300 mil de Hilarino no estacionamento do Comper da Joaquim Murtinho. Eles roubaram o carro, um Ford Fiesta, e os R$ 300 mil na BR-262, entre Campo Grande e Aquidauana. Ademir só registrou o roubo no dia seguinte.
O roubo foi desvendado pelo Batalhão de Choque no dia 6 de dezembro de 2017 após encontrar o veículo. Os policiais militares conseguiram localizar os cinco envolvidos no roubo. Eles apresentaram, logo de início, a versão de que tinham sido contratados pelo filho do governador para roubar a propina de Polaco.
Em maio de 2017 surgiu o escândalo envolvendo a JBS, de que teria pago propina para políticos brasileiros. Reinaldo foi um dos citados e Polaco era um dos intermediários em receber a propina. Ele passou a receber uma vantagem pecuniária mensal após ameaçar fazer delação premiada.
O caso é surreal e sempre foi negado pelo filho de Reinaldo. O promotor Marcos Alex chegou a ser alvo de processo disciplinar no Conselho Nacional do Ministério Público por ter ido com a denúncia até o final.
Vareiro já foi condenado pelo revólver calibre 38, que teria comprado por R$ 2,5 mil para roubar a propina de Polaco. Pedreiro e com pouca instrução, ele também é acusado de ser laranja em uma construtora que tem contratos milionários com órgãos públicos.
O juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian, da 2ª Vara Criminal de Campo Grande, condenou Vareiro a um ano de detenção pela posse da arma de fogo e a um ano de reclusão no regime aberto porque o revólver tinha sido furtado em 2002.
Ele pode ser condenado pela segunda vez, agora, por roubo majorado.