A ministra Maria Isabel Gallotti, do Superior Tribunal de Justiça, determinou o arquivamento do inquérito 1.243, aberto para investigar o envolvimento do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) no roubo da propina de R$ 300 mil do corretor de gado José Ricardo Guitti Guímaro, o Polaco. A investigação está em sigilo.
De acordo com o advogado Gustavo Passarelli, a relatora, que substituiu o ministro Felix Fischer, concluiu que não há indícios contra o tucano. O filho de Reinaldo, o advogado Rodrigo Souza e Silva, foi absolvido por falta de provas pela juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, da 4ª Vara Criminal de Campo Grande. Ele tinha virado réu por ter mandado roubar o dinheiro.
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Conforme trecho publicado no diário do STJ, nesta terça-feira (30), o despacho da ministra tem cinco páginas e foi disponibilizado na última sexta-feira (26). “A conclusão é de que não há provas ou evidências de participação do Governador nos fatos”, garantiu o defensor.
“Não haverá recurso porque foi arquivado a pedido dó MPF”, destacou Passarelli. O mesmo ocorreu com Rodrigo, que acabou absolvido com base em parecer do Ministério Público Estadual.
Conforme a denúncia, Rodrigo teria contratado um grupo, chefiado pelo pedreiro Luiz Carlos Vareiro, o Véio, para roubar Polaco. O corretor de gado estaria ameaçando fazer delação premiada. No entanto, ele não veio pegar o dinheiro e mandou o comerciante Ademir Catafesta, que pegou o malote no estacionamento de um supermercado e acabou sendo roubado na BR-262, a caminho de Aquidauana.
O episódio ocorreu logo após a delação premiada da JBS ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. A versão envolvendo Reinaldo e o filho no roubo foi apresentada por Vareiro, que seria o chefe do grupo criminoso. Todos os integrantes foram presos pelo Batalhão de Choque.
O depoimento do pedreiro envolvendo Azambuja chegou a ser veiculado pelo Fantástico, programa da TV Globo.
Com o arquivamento do inquérito 1.243, o tucano só continua respondendo pela suposta propina de R$ 67,7 milhões da JBS. Ele foi denunciado junto com o filho e mais 22 réus por corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O STJ desmembrou o processo e apenas Reinaldo ficou na corte devido ao foro privilegiado.
A ministra Isabel Gallotti está com o processo concluso para ser pautado na Corte Especial desde o dia 13 de julho deste ano. Em setembro do ano passado, o STJ manteve o bloqueio de R$ 277 milhões do tucano, que havia sido decretado por Fischer em setembro de 2018.