O ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB), abriu uma nova crise no suposto centro democrático ao acusar a cúpula tucana de articular golpe para retirar sua candidatura a presidente da República e oficializar o apoio ao nome de Simone Tebet (MDB). Para evitar o apoio à senadora de Mato Grosso do Sul, o paulista ameaça ir à Justiça para obrigar o diretório nacional a respeitar o resultado das prévias, que venceu em novembro do ano passado.
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A carta derruba de vez as encenações dos pré-candidatos de estariam interessados em buscar o melhor nome para ser alternativa a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Na verdade, Doria e Simone estão mais preocupados em garantir o apoio do outro do que abrir mão da disputa em prol de um objetivo mais nobre.
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A terceira via naufragou no ego e na arrogância dos pré-candidatos. Dos seis nomes cotados, só restam Simone e Doria, que travam uma guerra surda nos bastidores para derrotar o outro e ser ungido como o candidato do que MDB, PSDB e Cidadania, a sobra da terceira via.
Na semana passada, os presidentes dos três partidos decidiram realizar pesquisa quantitativa e qualitativa para definir o candidato mais competitivo para representar o grupo. O critério revoltou Doria.
“Solicitamos que você (Bruno Araújo) respeite o estatuto do PSDB e a vontade democraticamente manifestada pela ampla maioria dos trinta mil eleitores do nosso partido”, escreveu o tucano em carta ao presidente nacional da sigla.
“Qual foi a nossa surpresa ao saber que, apesar de termos vencido legitimamente as prévias, as tentativas de golpe continuaram acontecendo. As desculpas para isso são as mais estapafúrdias, como, por exemplo, a de que estaríamos mal colocados nas pesquisas de opinião pública e com altos índices de rejeição, cinco meses antes do pleito”, acusou o paulista.
No final da carta, João Doria deixa claro que não aceita abrir mão da candidatura em favor de Simone e ameaça ir à Justiça para manter a candidatura a presidente da República. Ele avisou que usará “todas” as suas “forças” para fazer “prevalecer a vontade, democraticamente manifestada pela imensa maioria dos filiados do PSDB, e para que seja respeitada a lisura nos gastos realizados com o fundo partidário”.
A carta levou a cúpula do PSDB a convocar reunião de emergência na terça-feira para discutir a crise. O encontro ocorre um dia antes do prazo final, 18 de maio, para que os três partidos decidam quem será o candidato a presidente do trio.
Outro cacique tucano se manifestou contra o apoio a Simone. O ex-senador Aécio Neves, atual deputado federal por Minas Gerais, afirmou, em entrevista ao Estado de São Paulo, que o partido não deve apoiar a senadora sul-mato-grossense e criticou a manobra para queimar a candidatura de Doria.
O curioso é que Simone votou para livrar Aécio da prisão quando explodiu o escândalo da JBS e o ex-presidenciável tucano foi gravado pedindo R$ 2 milhões em propina para o executivo da JBS, Joesley Batista. Na ocasião, um primo do deputado foi flagrado pela Polícia Federal com uma mala com R$ 2 milhões.
E a cada dia, a terceira via se mostra mais fragilizada e longe de ser opção a polarização política brasileira.
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