O presidente do TCE/MS (Tribunal de Contas do Estado), Iran Coelho das Neves, assinalou em seu artigo mais recente que “estamos chegando ao final de um ano especialmente difícil”, contudo, passou ao largo do tema que mais movimentou a Corte Fiscal em 2021: a Operação Mineração de Ouro, deflagrada pela PF (Polícia Federal) contra os conselheiros Waldir Neves, Ronaldo Chadid e Osmar Jeronymo.
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Com autorização do STJ (Superior Tribunal de Justiça), equipe da força-tarefa – que congrega PF, Receita Federa e CGU (Controladoria-Geral da União) – chegou ávida ao TCE. Foram quase 30 horas no prédio, localizado no Parque dos Poderes, em Campo Grande. O trabalho ininterrupto foi das 6 horas de 8 de junho às 11h do dia seguinte.
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O objetivo inicial era fazer cópia digital de toda a base de dados do tribunal, desde 2005 e equivalente a 20 terabytes. Contudo, diante do volume de informações, o recorte foi modificado, com cópias de arquivos entre 2016 e 2021.
A Mineração de Ouro também impressionou por outro número. A PF apreendeu R$ 1,6 milhão em notas na casa do conselheiro Chadid e de sua chefe de gabinete.
O ministro Francisco Falcão, do STJ, determinou a quebra dos sigilos bancários e fiscal de 20 pessoas. A investigação se debruça sobre suspeitas de crimes de corrupção, peculato, pagamento de propina, superfaturamento e funcionários fantasmas.
A Polícia Federal investiga a existência de terras do conselheiro Waldir Neves Barbosa, ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado, no Maranhão, a 2.500 quilômetros de Mato Grosso do Sul. Além da suspeita de venda de fazenda por R$ 17 milhões no Pará.
A suspeita é de o conselheiro usou permutas e transações imobiliárias para regularizar valores oriundos de corrupção. Neves foi deputado estadual e federal pelo PSDB.
Já Osmar Domingues Jeronymo, ex-secretário estadual de Governo, é investigado por usar envolvidos com o tráfico internacional de drogas para lavar dinheiro.
Numa transação imobiliária com o braço direito do narcotraficante Fernandinho Beira-mar, ele teria ganho 81,06% em quatro meses. Noutra transação, o conselheiro teria recebido R$ 1,8 milhão de outro preso por tráfico internacional de drogas.
Com carreira técnica no TCE, Chadid entrou no olho do furacão ao ignorar os indícios de fraude, corrupção e pagamento de propina revelados pela Polícia Federal para manter o contrato bilionário da coleta do lixo de Campo Grande com a Solurb. Um segundo motivo foi o repasse de R$ 950 mil para a chefe de gabinete.
O único a se manifestar sobre a operação foi Waldir Neves. O conselheiro disse que provará a inocência na Justiça, lamentou a divulgação das acusações e garantiu que não envergonhará os amigos.