O PSD, dono da 5ª maior bancada na Câmara dos Deputados e integrante da base aliada, reagiu às ameaças feitas por Jair Bolsonaro (sem partido), de que não cumprirá as determinações do Supremo Tribunal Federal, e vai discutir o apoio ao impeachment do presidente. Líder da sigla no Senado, o senador Nelsinho Trad vai integrar a comissão criada para discutir a destituição do capitão.
[adrotate group=”3″]
As manifestações de 7 de setembro deste ano foram marcadas por pedidos de intervenção militar e destituição de ministros do STF. O principal alvo foi o ministro Alexandre de Moraes, que vem comandando os inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos. Em discurso em Brasília e em São Paulo, Bolsonaro incitou a desobediência, o descumprimento das ordens da corte e da Constituição. Ele chamou Moraes de “canalha”.
Veja mais:
Grito dos Excluídos leva 3 mil em defesa das instituições e contra a volta da ditadura militar
Protesto contra o Supremo leva 40 mil pessoas às ruas da Capital, 3ª maior manifestação na história
Movimento quer levar 50 mil em ato a favor de Bolsonaro e contra o STF neste 7 de setembro
A ameaça presidencial levou outros partidos a discutir abertamente a possibilidade de apoiar o impeachment de Bolsonaro. A proposta já tinha o aval dos partidos de esquerda, como PT, PSDOL, Rede, PDT e PCdoB. Agora, o movimento pode ganhar a adesão do PSDB, do MDB, do PSD e do Cidadania.
De acordo com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, ele não queria banalizar o instrumento do impeachment, já que o Brasil, desde a redemocratização, teve cinco presidentes e dois foram cassados durante o mandato.
“Tivemos hoje a temperatura mais elevada, manifestações muito duras, acima do tom. Começam a surgir indicativos importantes, que podem justificar o impeachment. A fala de que o presidente não vai acatar decisões judiciais é muito preocupante”, justificou o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro.
“A cada dia vemos aumentar a instabilidade e o PSD está acompanhando essa situação com muita atenção. Temos avaliações de alguns importantes juristas apontando que apenas as falas, as manifestações, seriam razões suficientes para justificar o processo. Vamos acompanhar a conduta do governo para determinar, ou não, a defesa e o apoio a um eventual processo de impeachment do presidente da República“, afirmou Kassab.
A comissão para analisar o encaminhamento será composta por Kassab e pelos líderes do PSD na Câmara, Antônio Brito, e do Senado, Nelsinho Trad. O ex-prefeito da Capital tem oscilado entre apoio e críticas subjetivas a Bolsonaro. Ele chegou inclusive a ser cotado para ser ministro de Boslonaro.
Por outro lado, o irmão de Nelsinho, o deputado federal Fábio Trad (PSD) tem feito oposição sem dó nem piedade a Bolsonaro. “Se os Presidentes da Câmara e do Senado estavam esperando uma ação concreta de Bolsonaro para se posicionarem institucionalmente a favor do impeachment, não precisam mais esperar. É só ver o discurso que fez agora pela manhã. Autoria e materialidade do golpe comprovadas!”, tuitou o parlamentar.
“Mais um crime no discurso de Bolsonaro na Paulista. Crime de responsabilidade. É ler o art. 85 da CF/88 e os artigos 4• e 6• da Lei n.1079/50 para concluir pelo enquadramento legal. O país está sendo governado por um serial killer do Estado democrático de Direito”, criticou Fábio.
A senadora Simone Tebet (MDB) também criticou o discurso de Bolsonaro. Ela citou trecho do discurso de Ulisses Guimarães, no qual ele diz que traidor da Constituição é traidor da pátria.