Com 902 casos confirmados, 42 internados e oito mortes, Campo Grande torna obrigatório o uso de máscara de proteção facial para conter a pandemia do coronavírus a partir desta sexta-feira (19). Decreto do prefeito Marquinhos Trad (PSD), publicado ontem, prevê desde multa administrativa até detenção e condenação de até um ano de prisão por facilitar a propagação de doença contagiosa.
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Em 19 dias, o número de casos triplicou na Capital. Conforme boletim divulgado pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), são 902 casos confirmados da doença no município nesta quinta-feira (19), contra 302 registrados no dia 1º deste mês.
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Houve crescimento assustador no número de internados em 18 dias, de nove para 42 pessoas em hospitais. O número de pacientes em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) passou de quatro para 21, sendo 10 em leitos privados e 11 públicos.
A explosão no número de casos levou o presidente da Unimed Campo Grande, Maurício Simões Correia, alertou colegas de profissão da gravidade. Ele afirmou que 80% dos leitos intensivistas do Hospital da Unimed já estavam ocupados pelos infectados pela covid-19. De acordo com o Campo Grande News, ele previu a chegada de “dias tensos” na Capital.
Até o hospital de campanha, com capacidade para 120 leitos, deverá ser ativado até amanhã no Hospital Regional Rosa Pedrossian, conforme previsão da diretora-presidente da instituição, Rosana Leite de Melo. “Não queremos que isso aconteça, mas estamos preparados para esse cenário. Infelizmente, se a população não colaborar com o isolamento e começar a se prevenir em meio pandemia, o quadro poderá ser ainda pior”, lamentou.
Para tentar evitar o colapso, o prefeito Marquinhos Trad baixou decreto tornando obrigatório o uso de máscara. A proteção facial deverá ser usada nos espaços públicos e privados que tenham acesso à população. A medida vale para o comércio, indústria e o setor de serviços, como salões de beleza, hotéis, lanchonetes, entre outros.
O decreto dispensa do uso de máscaras crianças com menos de quatro anos de idade e pessoas com deficiência intelectual ou transtornos psicossociais. O uso também não é obrigatório durante as atividades esportivas e exercícios físicos.
Em restaurantes, cafés, bares e lanchonetes, o cidadão poderá ficar sem máscara ao beber ou comer.
O campo-grandense terá 11 dias para se adaptar à nova exigência. Além da prefeitura, o decreto determina que estabelecimentos comerciais e órgãos de fiscalização e segurança façam ações em caráter educativo e orientativo sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras. As penalidades começam a ser aplicadas a partir do dia 1º de julho.
De acordo com o decreto, o cidadão poderá ser enquadrado no artigo 228 do Código Penal, que prevê multa e prisão de um mês a um ano por infringir determinação do poder público destinada a impedir a introdução e propagação de doença contagiosa. Também poderá ser punido com detenção e de 15 dias a seis meses de prisão por infringir o artigo 330 do CP – por não acatar ordem legal do funcionário público.
Além das penalidades criminais, o infrator poderá ser punido administrativamente pelas sanções previstas no Código Sanitário Municipal, em vigor desde 2009. Uma das punições pode ser o pagamento de multa de R$ 100 a R$ 2 mil.
No entanto, o objetivo da masca não é multar ninguém, mas salvar vidas e frear a pandemia da covid-19, que já infectou 4.274 pessoas e causou 39 mortes no Estado.
Unimed diz que ocupação de 80% é só para pacientes com a covid-19
Em nota, a Unimed confirma a declaração do presidente, mas destaca que a ocupação de 80% se refere apenas aos leitos destinados aos pacientes com a covid-19.
Confira a nota:
“A Unimed Campo Grande confirma o envio da mensagem pelo nosso presidente, Dr. Maurício Simões Corrêa, para um grupo de WhastApp da Academia de Medicina de Mato Grosso do Sul (grupo formado em sua grande maioria por médicos acima de 60 anos, ou seja, pertencentes ao grupo de risco), alertando sobre o aumento da ocupação de vagas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) destinadas, exclusivamente, para atendimento de pacientes com suspeita ou confirmados com a Covid-19.
Destacamos que o percentual de 80% das vagas citado pelo presidente não corresponde à totalidade de vagas do Hospital Unimed CG, mas sim ao espaço destinado exclusivamente ao atendimento de pacientes da Covid-19, o que não significa que, se necessário, essa capacidade não possa aumentar.
O alerta foi feito com o intuito de manter os cuidados necessários para evitar ainda mais a contaminação da doença, assim como tem sido feito pela cooperativa médica e demais autoridades da saúde, desde o início da pandemia do novo coronavírus.
Ressaltamos ainda que o Hospital Unimed Campo Grande, assim como toda a equipe hospitalar, foi totalmente equipado e capacitado para prestar o melhor atendimento dentro dos protocolos do Ministério da Saúde, Organização Mundial da Saúde e demais órgãos de saúde.”