Os servidores municipais de Dourados, segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul, vão ter reajuste de apenas 5%, metade da inflação oficial registrada nos últimos 12 meses. Por outro lado, não há crise para os salários da cúpula do município. O prefeito Alan Guedes (PP), o vice-prefeito e secretários vão ter aumento de até 64% a partir do próximo dia 1º.
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O caso douradense é exemplar no tratamento dado pelos políticos após serem eleitos pelo voto popular. Guedes surpreendeu ao derrotar o chapão e a mega estrutura montada pelo deputado estadual José Carlos Barbosa, o Barbosinha (DEM), nas eleições do ano passado.
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A menos de um ano no cargo de prefeito, ele decidiu priorizar o próprio salário, que terá aumento de 58,64%, com o subsídio passando dos atuais R$ 13.804,56 para R$ 21.900. Apesar de administrar uma cidade com pouco mais de 200 mil habitantes, o progressista vai receber vencimento maior que Marquinhos Trad (PSD), que ganha R$ 21.263 para comandar a Capital, com 916 mil habitantes.
O vice-prefeito Guto Moreira terá correção de 64% no salário, que passará dos atuais R$ 9.663,15 para R$ 15,9 mil. Os secretários municipais vão ter aumento de 43,84%, de R$ 9.663,15 para R$ 13,9 mil.
O projeto de reajuste no salário do prefeito, do vice e secretários municipais foi aprovado na madrugada do último dia 15 deste mês na Câmara Municipal. De acordo com o DouradosAgora, 10 vereadores foram a favor do aumento de quase seis vezes acima da inflação para o prefeito: Maurício Lemos, Daniel Júnior, Daniela Hall, Marcão da Sepriva, Liandra da Saúde, Cemar Arnal, Jânio Miguel, Olavo Sul, Sérgio Nogueira e Diogo Castilho.
Sete vereadores foram contra o reajuste: Marcelo Mourão, Fábio Luís, Elias Ishy, Juscelino Cabral, Lia Nogueira, Rogério Yuri e Márcio Pudim. Yuri teria dito posteriormente que queria votar a favor.
Com a aprovação do projeto, Délia Razuk (PTB) se tornou a última prefeita a dar exemplo em Dourados e se solidarizar com a população, que enfrenta uma das mais graves e sérias crises econômicas da história do Brasil.
Já os servidores municipais de Dourados vão ter reajuste salarial de apenas 5% a partir de abril de 2022. A correção não vai repor nem a inflação acima de 10% registrada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Os professores e administrativos da Educação protestaram em vão. O Simted (Sindicato dos Trabalhadores na Educação) estimou perdas de 20% nos últimos cinco anos e pretendiam usar recursos do Fundeb para elevar o salário do magistério.
O salário do prefeito, vice e secretários sobe no dia 1º, enquanto dos demais servidores só em abril. Oficialmente, a justificativa é de que era preciso corrigir o valor para elevar o teto do funcionalismo público municipal, sem correção desde 2014.
Guedes não é o único a se beneficiar com aumento generoso em plena crise. O prefeito de Amambai, Edinaldo Bandeira, o Dr. Bandeira (PSDB), vai ter reajuste de 54%, de R$ 17,1 mil para R$ 26,5 mil.
Nada como viver em um país sem crise – aliás, o Brasil dos políticos não é o mesmo do restante do povo.
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