O secretário estadual de Governo e Gestão Estratégica, Sérgio Murilo Mota, está sendo acusado de usar a máquina do Estado para exigir cargo de secretário para o Podemos em Dourados. A ofensiva ampliou o seu desgaste entre os tucanos e a crise na administração estadual.
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Ele negou qualquer negociação com o prefeito Alan Guedes (Progressistas) e atribuiu a notícia a “grande fogo amigo”. “Não tive nenhuma reunião sozinho com o prefeito”, garantiu, destacando que o encontro com Guedes ocorreu com a participação de toda a equipe. “Estou para contribuir”, frisou, sobre integrar a equipe de Reinaldo Azambuja (PSDB).
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A situação de Sérgio Murilo começou a se complicar após a viagem em aeronave do Estado a Corumbá. Entre uma visita de obra e entrevista a emissoras de televisão, de rádios e jornais, ele acertou a filiação do prefeito Marcelo Iunes ao Podemos. Na prática, tirou o prefeito da 4ª maior cidade do Estado do PSDB, partido do governador.
O presidente regional licenciado do Podemos negou ter ido à cidade branca apenas para negociar a filiação de Iunes, investigado pela Polícia Federal por desvios de recursos públicos. Além dele, outros dois devem fazer o mesmo caminho, trocar o PSDB pelo Podemos, a deputada federal Rose Modesto, e o irmão, o deputado estadual Professor Rinaldo.
A viagem a Dourados ocorreu nesta quarta-feira. Conforme um interlocutor tucano, Alan Guedes teria ligado ao governador e reclamado que Sérgio Murilo lhe colocou a faca no pescoço e exigiu a nomeação do vereador Marcelo Mourão (Pode) na vaga de secretário municipal da segunda maior cidade do Estado. O douradense virou réu por improbidade.
O assunto foi tema de reunião entre Reinaldo, o secretário estadual de Infraestrutura, Eduardo Riedel, e outros tucanos graúdos na Governadoria. Tucanos estariam indignados com Sérgio Murilo, que, no seu entendimento, estaria usando a estrutura do Governo do Estado para enfraquecer o PSDB e fortalecer o Podemos.
Mais de um interlocutor do primeiro escalão confidenciou a amigos que “a batata de Sérgio Murilo está assando”.
O secretário estadual de Governo negou qualquer irregularidade na visita a Dourados. “Não tive nenhum momento sozinho (com o prefeito Alan Guedes)”, garantiu, negando qualquer reivindicação de cargo para o Podemos.
Ele até contou que o subsecretário de Comunicação, Ico Victório, teria lhe acompanhado em todas as atividades em Dourados, que repetiu o agenda de Corumbá, visita a obra e entrevistas para divulgar os investimentos da gestão tucana em Dourados, em torno de R$ 1 bilhão.
“Não entendo esse barulho”, lamentou o secretário. “O Governo vive um momento de fofoca”, criticou, sobre os boatos envolvendo a sua atuação para fortalecer o Podemos. “É um grande fogo amigo”, acusou, dizendo saber o “endereço certo” dos boatos. No entanto, ele não citou nenhum nome.
A instabilidade coincide com a nomeação de Sérgio de Paula, atual presidente regional do PSDB, para comandar a Casa Civil. Principal estrategista tucano e de Reinaldo, o secretário passou a dividir a articulação política do Governo com Sérgio Murilo.
A atual presidente em exercício do Podemos é a delegada aposentada Sidnéia Tobias, que foi candidata a prefeita de Campo Grande no ano passado.