O Governo do Estado deu aumento salarial de 19% para a assessora Juliana Cardoso Moraes após ela se tornar alvo do inquérito para investigar a exclusão de multas do Detran (Departamento Estadual de Trânsito). De acordo com o Portal da Transparência, o salário da assessora tucana passou de R$ 5.188,65, como chefe da Divisão de Controle de Autuação e Penalidades de Multas do órgão, para R$ 6.175,63, como assessora da Segov (Secretaria Estadual de Governo e Gestão Estratégica).
[adrotate group=”3″]
Conforme o Diário Oficial do Estado, Juliana foi exonerada do setor de multas do Detran no dia 12 de maio do ano passado. A exoneração ocorreu pouco mais de três meses depois do promotor Marcos Alex Vera de Oliveira, então na 30ª Promotoria do Patrimônio Público, cumprir mandados de busca e apreensão no órgão para apurar o esquema de anulação de multas em troca de propina.
Veja mais:
Grupo cobrava de R$ 2,5 mil a R$ 3,5 mil para excluir multas no sistema do Detran
Esquema de propina: vistoria em MS é 581% mais cara e Detran cobra o 3º maior valor do País
Operação Antivírus prende cúpula do Detran, empresário e funcionário de empresa de informática
Rodrigo Silva, filho de Reinaldo foi um dos alvos da PF na Operação Motor de Lama
Ela estava no cargo desde janeiro de 2015, logo após a posse de Reinaldo Azambuja (PSDB) no cargo de governador. Apesar da suspeita de corrupção, o Governo do Estado a nomeou em outro cargo, de assessora da Segov e com salário 19% maior, conforme decreto assinado no dia 18 de maio de 2020 pelo então titular da pasta, Eduardo Riedel.
De acordo com o Portal da Transparência, como chefe de setor no Detran, Juliana tinha salário base de R$ 4.175,63 e mais acréscimo de R$ 1.022,72. Na Segov, ela passou a ter o mesmo salário, mas o extra subiu para R$ 2 mil por mês.
Nesta terça-feira (11), a assessora do Governo do Estado foi um dos alvos da Operação Recurso Privilegiado, deflagrada pela 30ª Promotoria do Patrimônio Público com o apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).
Ela é suspeita de integrar um grupo que cobrava propina de R$ 2,5 mil a R$ 3,5 mil de motoristas para excluir multas do sistema do Detran. Na prática, Juliana teria impedido o cadastro da infração. O valor compensava porque o condutor se livrava da multa, de pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e não corria o risco de ter a carteira de motorista suspensa ou cassada.
Juliana não é a primeira assessora da Secretaria de Governo a se envolver em escândalo na gestão de Reinaldo. Em maio de 2018, o sargento Ricardo Campos Figueiredo foi preso na Operação Oiketicus, do Gaeco, acusado de dar cobertura para a Máfia do Cigarro. Ele era integrante da equipe de segurança velada e atuava como motorista do governador.
Figueiredo foi condenado pela Justiça a mais de 20 anos de prisão e está preso por corrupção passiva, obstrução de investigação de organização criminosa e associação criminosa.
No dia 1º de maio, outro assessor da Segov, Nivaldo Tiago Filho de Souza, genro da deputada estadual Mara Caseiro (PSDB), causou acidente de barco no Rio Miranda. Ele não tinha habilitação pilotar, estava supostamente embriagado e fugiu do local sem prestar socorro. O pescador Carlos Américo Duarte, 59 anos, morreu no local e duas pessoas ficaram feridas. Nesta quarta-feira, o Governo publicou o afastamento do servidor para tratamento de saúde pelo período de sete dias, com data retroativa ao período entre 2 e 9 deste mês.