O juiz Deyvis Ecco, da 2ª Vara Criminal de Dourados, aceitou a denúncia por estelionato e associação criminosa contra o empresário Diego Aparecido Francisco, 38 anos, seus pais, um ex-vereador de Itaporã e um policial civil de Dourados. Eles viraram réus por uma série de golpe que deu prejuízo de R$ 2,5 milhões na vítimas, conforme denúncia do Ministério Público Estadual.
Além de Diego, o magistrado aceitou a denúncia contra os pais do empresário, Izabel Cristina Ferreira Francisco e Sérgio Francisco Filho, 60 anos, o ex-vereador Célio Poveda, 70, e o policial civil Joventino Floriano da Silva, 50. Eles terão 10 dias para apresentar a defesa e contestar as acusações feitas pelo promotor de Justiça, Eduardo ontecielha De Rose.
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O caso é o ápice de uma série de golpes aplicados por Diego desde 2019. Ele também é réu junto com o ex-prefeito de Campo Grande, Gilmar Antunes Olarte (sem partido), e a então gerente do Banco Safra, Alessandra Carrilho de Araújo, por aplicarem o golpe do falso leilão de um prédio comercial e causar prejuízo de R$ 800 mil em um casal de evangélicos.
Diego chegou a ser preso no início de dezembro por determinação do juiz Deyvis Ecco, de Dourados. No entanto, no final de janeiro, o desembargador Ruy Celso Barbosa Florence, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, concedeu habeas corpus. Ele foi solto mediante o monitoramento por meio de tornozeleira eletrônica e ficou proibido de acessar a empresa Negócios MS, usada para aplicar os supostos golpes.
“A empresa está registrada como do ramo alimentício, possuindo ocupação principal o comércio de bebidas. Entretanto, era utilizada para negócios fraudulentos de venda de veículos”, pontuou De Rose. As vítimas afirmaram, em depoimento à Polícia Civil de Dourados, que os carros foram negociados na sede da Negócios MS, no Bairro Mata do Jacinto, em Campo Grande.
Segundo o promotor, Célio Poveda se apresentava como advogado de Diego e ajudava a realizar a cobrança das vítimas. Ele mora em Itaporã e era sempre visto na sede da companhia na Capital.
Já Joventino usava o cargo público para passar informações privilegiadas a Diego Aparecido Francisco, acessando o sistema do SIGO para pesquisas e informações sobre veículos, boletins de ocorrência e vítimas. Entre janeiro e agosto do ano passado, conforme a Polícia Civil, o agente verificou carros no SIGO e o total de consultas gerou 61 páginas.
Além disso, o policial civil ajudava Diego a pressionar as vítimas a não registrarem o golpe na delegacia. Ele levava a viatura da Polícia Civil para a sede a MS Negócios e aparecia armado nas reuniões com as vítimas. Célio e Diego o apresentaram como “Dr. Delegado”.
Um dos vendedores da empresa contou à polícia que movimentou R$ 6 milhões para Diego Francisco com a venda de veículos. Na denúncia, o promotor citou três vítimas. A primeira teve prejuízo de R$ 1,4 milhão ao pagar e não recebe um Porsche, um caminhão e uma SW4.
A segunda vítima foi um garagista, que comprou seis veículos, mas recebeu apenas três. Ele comprovou que perdeu R$ 520 mil no golpe. A terceira foi um empresário que ficou sem receber um caminhão de R$ 285 mil.
Célio Povedo negou que atuasse como advogado e disse que também foi uma das vítimas de Diego. Em depoimento à Polícia Civil, Diego chegou a confirmar um dos golpes, mas disse que não pagou porque não conseguiu vender uma fazenda.
O advogado do empresário, Ronaldo Graziozo Oliveira, chegou a ser procurado para defender o seu cliente, mas optou por ingressar com ação na Justiçar retomar a censura, um artifício usado na ditadura militar para calar os inimigos. O pedido foi colocado em sigilo. Ele pediu para proibir O Jacaré de publicar matérias a respeito dos golpes aplicados por Diego Aparecido Francisco.