Enquanto pede à Justiça para censurar O Jacaré, o empresário Diego Aparecido Francisco e os suspeitos de fazerem parte do grupo que deu uma série de golpes que somam R$ 6 milhões se deparam com diversos processos no Judiciário. Em um deles, há pedido de despejo contra a empresa MS Negócios, que estaria em nome de laranja e teria sido usada nas fraudes.
O proprietário do prédio onde fica a empresa, no bairro Mata do Jacinto, em Campo Grande, entrou com ação em que cobra o pagamento de R$ 34.072,58 em aluguéis atrasados desde junho de 2023. O contrato tem duração até maio de 2024, mas nenhum aluguel no valor de R$ 6 mil foi pago pelos inquilinos.
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O dono do imóvel afirma que um administrador de seus empreendimentos era o responsável pelo contrato de aluguel e, com isso, nem sabia da locação.
“É até uma situação inusitada, pois, como poderia alguém alugar um imóvel para outra pessoa sem sequer ter o recebimento do primeiro aluguel ajustado de forma antecipada”, diz o advogado na ação.
“Ocorre que o Requerente se encontra sem receber os aluguéis de seu imóvel desde fevereiro de 2023, posto que, ao questionar o seu administrador imobiliário, este sempre dizia que estava cobrando os locatários, mas que ainda não tinha uma posição”, prosseguem.
O processo teve início em novembro do ano passado. Além do pedido do pagamento dos valores atrasados, incluindo IPTU e seguro, havia a solicitação de liminar para desocupação do imóvel e a rescisão do contrato.
A juíza Gabriela Müller Junqueira, da 7ª Vara Cível de Campo Grande, negou o despejo afirmando que o contrato está garantido por fiança. A magistrada também negou recurso e marcou audiência de conciliação para o próximo dia 18 de março.
Investigação da Polícia Civil de Dourados aponta que a MS Negócios é do empresário Diego Aparecido Francisco. A empresa está em nome de Izabel Cristina Ferreira Francisco, mãe de Diego e que responde pelos aluguéis atrasados.
No pedido de prisão de Diego Francisco, os delegados Erasmo Bruno de Mello Cubas e Jônata Rafael Montenegro Venâncio de Moraes destacam que a empresa era usada como fachada para dar aspecto de idoneidade aos golpes que envolviam a venda de veículos.
Os outros processos que envolvem a Negócios Dvi Ltda, razão social da empresa, são relativos à negociação de carros e tiveram início em junho de 2022. As últimas quatro ações, porém, foram ajuizadas nos últimos seis meses, o mais recente é de janeiro deste ano.
Diego dava os golpes com a venda de carros, inclusive de luxo, mas a MS Negócios atua na distribuição de sucos.
Pedido de censura
Como os processos se acumulam contra a empresa e o próprio Diego Francisco, o empresário decidiu apelar à censura para impedir O Jacaré de dar publicidade aos seus imbróglios na Justiça. O pedido foi protocolado em 31 de janeiro pelo advogado Ronaldo Graziozo Oliveira.
Diego foi preso no início de dezembro do ano passado pela Polícia Civil de Dourados acusado de usar a MS Negócios para dar golpe na venda de carros. Apenas um empresário douradense perdeu R$ 1,5 milhão em negociação com Francisco.
De acordo com o MPE, o empresário é alvo de mais de 50 ações na Justiça, sendo 39 como réu por dar golpes. Em uma delas, Francisco foi denunciado junto com o ex-prefeito da Capital Gilmar Antunes Olarte (sem partido) e uma gerente do banco Safra, por causar prejuízo de R$ 800 mil a um casal de evangélicos com o golpe do falso leilão de um prédio comercial.
Conforme o advogado, ao dar publicidade para os supostos golpes aplicados pelo seu cliente, o site está julgando Diego Aparecido Francisco. A maior parte dos processos estava disponível para consulta no site no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.