Alvo de operação da PF (Polícia Federal) em 2013 por suspeita de desvios milionários usando ONG (organização não governamental), o servidor aposentado Geraldo Riesenbeck segue atuando no terceiro setor e acabou contemplado com verba federal em emenda da senadora Soraya Thronicke (Podemos).
O caminho do dinheiro e o passado de Geraldo (que chegou a ter prisão temporária por cinco dias decretada pela Justiça Federal de Minas Gerais na Operação Esopo) foram detalhados em reportagem divulgada pelo UOL. (veja a matéria)
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Neste ano, emenda da senadora destinou quase R$ 7,5 milhões para o IDS (Instituto de Desenvolvimento Socioambiental), que tem sede em Cachoeiras de Macacu, região metropolitana do Rio de Janeiro. O IDS, por sua vez, contratou Riesenbeck.
“A contratação mais recente de Riesenbeck foi feita pelo IDS para que ele atue como coordenador-geral de um projeto de realização de feira agropecuária, concurso de merendeiras e capacitação de produtores locais, na cidade de Naviraí (MS)”, afirma a reportagem.
O contrato, assinado em agosto, prevê que ele receba R$ 9.600 mensais por oito meses. Uma de suas principais funções é atestar a realização de serviços por empresas e outras pessoas físicas para que elas possam receber os pagamentos.
Questionado pelo UOL, o IDS reportou desconhecer a investigação contra Geraldo. O servidor aposentado, por sua vez, informou ao instituto que o processo foi arquivado, “inocentando o réu”.
Em nota, Soraya disse que chegou à entidade “por meio de sua assessoria” e que não tem conhecimento das pessoas contratadas pela ONG, que prestará contas ao Ministério da Agricultura.
A pasta reportou que não teve ingerência sobre a escolha da entidade, já que se tratou de uma emenda impositiva da senadora, uma verba cuja destinação não passa pela aprovação do Poder Executivo.
Há uma década, relatório da PF apontou indícios dos crimes de peculato, corrupção passiva, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha supostamente praticados por Riesenbeck.
Segundo a Polícia Federal, Riesenbeck “orientou e auxiliou o IMDC (Instituto Mundial de Desenvolvimento da Cidadania), como se funcionário dele fosse, no sentido de ‘limpar’ seu nome [da ONG] e permitir que continuasse recebendo recursos públicos, apesar de todas as irregularidades praticadas”. A PF também afirmou à época ter investigado suposto recebimento de suborno pelo então servidor do Ministério do Trabalho. O IMDC tinha sede em Minas Gerais e já foi extinto.
O IDS também contratou Ricardo Alves Monteiro, demitido do Ministério do Trabalho por ato de improbidade administrativa. Conforme o UOL, ele receberá R$ 9.600 mensais por oito meses por um cargo de direção no projeto em Naviraí.
Monteiro disse que estuda recorrer da decisão, que considera “contraditória pois, ao mesmo tempo que reconhece que eu não tinha responsabilidade pelo ato, no final manifestou pela demissão”.
O IDS ainda está repassando R$ 3,2 milhões à DNL Serviços LTDA., empresa com sede em São Luís (MA), para a organização de feira para cem produtores rurais e um evento chamado “Cozinha Show” em Naviraí. Aberta em agosto de 2022, a firma pertence a Darwin Einstein Nogueira de Lima, investigado pelo TCU (Tribunal de Contas da União).
Lima afirmou ao UOL que não recebeu até o momento notificação sobre investigação do TCU e que seu serviço para o IDS está “de acordo com a legalidade que exige a legislação vigente”.