Depois de ser o “pesadelo” dos políticos na longa temporada da Lama Asfáltica, maior ofensiva contra a corrupção em Mato Grosso do Sul, a PF (Polícia Federal) pisou no freio, deixou o sono dos poderosos em paz, e dedicou o ano de 2022 a combater ao tráfico de drogas. A preferência pela repressão a essa modalidade criminosa resultou até em três operações contra o envio de entorpecentes via Correios.
A partir de 2015, quando a primeira fase da Lama Asfáltica foi deflagrada, o sul-mato-grossense se habituou a ver os policiais federais batendo à porta de políticos, como o ex-governador André Puccinelli (MDB) e o ex-deputado federal Edson Giroto, logo nas primeiras horas da manhã.
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O circuito também incluía órgãos públicos e empresas. A Lama Asfáltica teve sete fases de 2015 a 2020. Já em 2018, a operação Vostok levou a PF a cumprir mandado de busca e apreensão na residência do então governador Reinaldo Azambuja (PDSB).
Contudo, no ano passado, das 45 operações divulgadas, somente uma, realizada em 8 de dezembro investigou corrupção. No caso, a Terceirização de Ouro fez uma nova devassa no TCE/MS (Tribunal de Contas do Estado) e investiga os conselheiros Waldir Neves, Ronaldo Chadid e Iran Coelho das Neves, todos afastados.
O levantamento de O Jacaré mostra que o ano de 2022 teve 16 operações contra tráfico de drogas. Batizada de Rastro, a primeira foi deflagrada em 20 de fevereiro, no município de Corumbá, fronteira com a Bolívia e rota da cocaína.
Os policiais federais também foram às ruas para combate a fraudes no Auxílio Emergencial, desvio de mercadorias apreendidas no pátio da Receita Federal, pedofilia, contrabando e descaminho, posse irregular de arma de fogo por CAC (Colecionador, Atirador e Caçador), crimes patrimoniais, moeda falsa, ataques cibernéticos em universidades, caça ilegal, agrotóxicos, fraude em merenda, disseminação de pornografia infantil, fraudes previdenciárias, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, organização criminosa, pirâmide financeira, contrabando de cigarros e dos atos antidemocráticos.
Mudança – Com a troca do governo federal, o novo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, trocou o comando da corporação em Mato Grosso do Sul. Sai o superintendente Chang Fan, que havia assumido em julho de 2021, e entra o delegado Agnaldo Mendonça Alves.
Em 2018, o novo superintendente da PF em MS comandou operação para investigar o pagamento de salários a funcionários fantasmas da Assembleia Legislativa de Alagoas.
Por aqui, uma promessa se repete há anos a cada novo nome na chefia da PF: erguer uma nova delegacia em Ponta Porã, que faz fronteira com Pedro Juan Caballero (Paraguai) e território de facções criminosas.
Em tempos de Orçamento Secreto, o projeto ficou de fora do Orçamento da União por falta de verbas. Localizada na Avenida Presidente Vargas, a sede da PF em Ponta Porã foi inaugurada em 1998 e funciona num acanhado imóvel. Há 15 anos também é prometida uma nova estrutura em Corumbá, fronteira com a Bolívia.