A Justiça Federal condenou a 104 anos, dois meses e 24 dias de prisão oito integrantes da organização criminosa que usava a venda de veículos para lavagem de dinheiro do lucro obtido com o tráfico internacional de drogas. Sentença do juiz Luiz Augusto Iamassaki Fiorentini, da 5ª Vara Federal de Campo Grande, foi publicada nesta terça-feira (20) e é o desfecho da Operação Fênix, deflagrada pela Polícia Federal em 17 de maio de 2021.
Ao longo da sentença de 60 páginas, o magistrado descreve em detalhes a forma de atuação da quadrilha chefiada por Robson Ortega, Luciano Saravy e Rodinei Maidana. Conforme a Polícia Federal, o grupo seria o dono de 12 toneladas de maconha apreendidas em 12 ocasiões.
Veja mais:
Após virar lenda do crime organizado, Major Carvalho é preso pela 4ª vez na Hungria
Major Carvalho importou máscaras para lavar dinheiro do tráfico de cocaína, suspeita PF
Polícia apura se major Carvalho, o novo “Escobar”, comprou empresa aérea para fugir
Robson usava quatro empresas na Capital, que incluía açougue, uma transportadora e conveniência para movimentar o dinheiro do tráfico de drogas. A droga era “embarcada” em Ponta Porã e distribuída para outras regiões do País, principalmente, a região Sudeste.
“Para além do expediente de registro de bens em nome dos motoristas, os denunciados também se valiam de outro mecanismo bastante rebuscado para a ocultação dos recursos angariados com o tráfico: utilizando-se da garagem de veículos ‘FÊNIX AUTOMÓVEIS’, realizavam financiamentos de veículos em nome de ‘laranjas’, muitas vezes de modo sucessivo (refinanciamentos)”, pontuou o magistrado, sobre a forma de lavagem do dinheiro do grupo criminoso.
“A FÊNIX AUTOMÓVEIS encontra-se formalmente registrada em nome de ALEX LOPES e seu genitor JOÃO FREITAS desde 16/12/2016, conforme contrato social da empresa: [imagem] 83. Os denunciados construíram um esquema articulado de lavagem de ativos, que consistia no financiamento e refinanciamento de veículos em nome de terceiros, sempre se utilizando da FÊNIX AUTOMÓVEIS. Em resumo: a garagem adquiria veículos para revenda, algumas vezes pagando em espécie o valor integral do carro, outras vezes financiando veículos para clientes fictícios, sendo que tais bens permaneciam no pátio da loja, disponíveis para venda”, destacou.
A quebra do sigilo bancário mostrou que a garagem movimentou R$ 9,770 milhões entre fevereiro de 2016 e agosto de 2017. Um açougue na Capital chegava a movimentar de R$ 130 mil a R$ 150 mil por mês, conforme a investigação.
Na sentença, o juiz Luiz Augusto negou o pedido do Ministério Público Federal para levantar o sigilo do processo. NA sentença, alguns criminosos tiveram a identidade protegida pelo magistrado, que só informou as iniciais.
Este é o caso de R.R.O., condenado a maior pena, de 24 anos, sete meses e 12 dias por tráfico internacional de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Rogério de Andrade de Souza foi condenado a 20 anos, 10 meses e 24 dias. G.A.A.K. foi condenado a 19 anos e nove meses de reclusão em regime fechado.
João Lopes Freitas, usado para a lavagem de dinheiro por meio da venda de carros, foi condenado a sete anos e seis meses, mesma sentença de R.F.D.S. e M.P.D.S.. Já R.MO. foi condenado a oito anos e três meses, enquanto A.D.S.L.F., a oito anos e dois meses.
Alguns réus poderão recorrer da sentença em liberdade, enquanto outros deverão apelar atrás das grades. A Fênix vendia carros para todos os estados brasileiros, apesar de estar sediada em Campo Grande.