Marcado para 14 de julho, o julgamento do processo em que o vereador Tiago Vargas (PSD) tenta reverter demissão do cargo de investigador vai mobilizar a Polícia Civil. Três policiais civis foram arrolados pela defesa de Vargas, enquanto o governo do Estado elencou três delegados como testemunhas.
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Vereador mais votado em 2020, Vargas era policial e acusa o governo de Reinaldo Azambuja (PSDB), alvo contumaz de suas críticas, de cometer perseguição. O ex-servidor entrou com ação em julho de 2019 pedindo a anulação de onze procedimentos administrativos e o pagamento de indenização de ao menos R$ 20 mil por cada um deles.
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Para comprovar ser perseguido pela administração tucana, Vargas arrolou três ex-colegas de profissão como testemunha: os investigadores Laerte Ecker, Maurício Apolinário de Lima e Pablo Rodrigo Teixeira de Souza Nantes e Pael. O advogado Fábio Castro Leandro também listou o psiquiatra Jony Afonso Gonçalves Domingues. O profissional atestou o quadro de depressão de Vargas e a necessidade de afastamento da Polícia Civil.
Já a PGE (Procuradoria-Geral do Estado) escalou os delegados Márcio Rogério Faria Custódio (Corregedor-Geral da Polícia Civil), Sérgio Luiz Duarte e Clever José Fante Esteves. A audiência de instrução e julgamento foi marcada pela juíza da 3ª Vara de Fazenda Pública de Campo Grande, Liliana de Oliveira Monteiro.
Vargas ingressou na Polícia Civil no dia 1º de agosto de 2014 após ser aprovado em concurso público. Ele passou a ganhar os holofotes e ser perseguido pela gestão tucana ao comprar briga com políticos.
Em 2017, no auge das denúncias da JBS contra o então presidente da República, Michel Temer (MDB), acusado de ganhar propina de R$ 500 mil por mês e de comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB), ele foi transferido ao cobrar coerência de Elizeu Dionízio. O então deputado assinou o pedido de impeachment de Temer, mas acabou salvando o presidente em duas votações na Câmara ao impedir o prosseguimento de ação criminal no Supremo Tribunal Federal.
Na época, Dionízio reclamou das críticas feitas nas redes sociais e Reinaldo decidiu punir o policial com a transferência de Campo Grande para Pedro Gomes. A maioria dos procedimentos administrativos é por críticas de Vargas a políticos, como o governador, o secretário estadual de Segurança Pública, Carlos Videira, e até Carlos Marun, que era ministro.
Ele acabou demitido em decorrência da denúncia feita pelo então vereador Dr. Lívio. Conforme o boletim de ocorrência e denúncia protocolada na Justiça pelo Ministério Público Estadual, o vereador fazia parte da junta médica psiquiátrica para avaliar a sanidade mental de Tiago Vargas. Ao ver o tucano, ele “surtou”.
Conforme a queixa do parlamentar, Tiago ofendeu a equipe médica, fez ameaças e teria quebrado uma mesa. O ex-investigador diz que só reagiu porque o tucano teria lhe mostrado um vídeo criticando o governador e lhe censurado. Dr. Lívio nega esta versão.
Numa reviravolta digna de folhetim, Vargas voltou aos holofotes ao ser o vereador mais votado de Campo Grande. Desde então, se alimenta de polêmicas e processos. Já apresentou projeto para exigir exame toxicológico de professores da Reme (Rede Municipal de Ensino), fez dancinha no plenário da Câmara Municipal, “viralizou” ao fiscalizar UPA e levar a coordenadora para a polícia. Contudo, não foi tão critico quanto ao “patrão” da servidora, naquela ocasião o prefeito Marquinhos Trad, seu colega de partido.
Vargas e Reinaldo Azambuja se enfrentam diretamente na Justiça em outro processo. O governador conseguiu liminar no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) para retirada do vídeo em que o vereador chamou o tucano de “corrupto”, “bandido” e “canalha”. Azambuja cobra indenização de R$ 50 mil.