Ao contabilizar lucro recorde de R$ 44,6 bilhões no primeiro trimestre deste ano, o maior entre as companhias petrolíferas estatais e privadas do mundo, a Petrobras decidiu promover novo reajuste no preço do óleo diesel. Com o aumento de 8,8%, o litro do produto deve ter acréscimo de R$ 0,39 a R$ 0,41 em Mato Grosso do Sul, segundo o Sinpetro (Sindicato dos Revendedores de Derivados do Petróleo).
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Há dois meses, o diesel já teve o maior reajuste praticado no ano, de 24,9%. Na refinaria, com o reajuste desta segunda-feira, o preço do litro passará de R$ 4,51 para R$ 4,91. Desde o início do ano, o diesel está 47% mais caro.
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No final do mês passado, o metro cúbico do gás veicular teve aumento de 19%. O presidente Jair Bolsonaro (PL) trocou o comando da Petrobras, com a substituição do general Joaquim Silva e Luna por José Mauro Ferreira Coelho, mas manteve a política de preços de paridade com o mercado internacional.
Enquanto o consumidor se sacrifica para abastecer os veículos, a empresa festeja lucros históricos. Neste ano, conforme o site Poder 360, o lucro da estatal de US$ 8,6 bilhões é o maior entre as companhias petrolíferas do mundo, superando a Shell, do Reino Unido e Holanda (US$ 7,1 bilhões), a Pemex, estatal do México (US$ 6,2 bilhões), e da PetroChina (US$ 6,2 bilhões).
Conforme a ANP (Agência Nacional do Petróleo), o preço do óleo diesel já acumula alta de 57% em Mato Grosso do Sul, já que o valor passou de R$ 4,188, em abril do ano passado, para R$ 6,574 no fim de semana. Com o novo reajuste, o preço médio poderá ficar em torno de R$ 7. O maior valor praticado no Estado já é de R$ 7,03, mas o menor preço é de R$ 6,12.
O gás veicular também acumula alta de 51,7% no Estado. O metro cúbico está em R$ 5,29, contra RR$ 3,533 em abril de 2021. O gás veicular vem perdendo a competitividade e alguns motoristas estão buscando meios de refazer a conversão para retornar ao sistema antigo.
Confira os reajustes em MS com preço médio:
Óleo diesel – 57%
- Abril de 2021 – R$ 4,188
- Maio de 2022 – R$ 6,574
Gás veicular – 51,7%
- Abril de 2021 – R$ 3,533
- Maio de 2022 – R$ 5,36
Gasolina – 27,3%
- Abril de 2021 – R$ 5,571
- Maio de 2022 – R$ 7,097
Etanol – 39%
- Abril de 2021 – R$ 4,079
- Maio de 2022 – R$ 5,667
Gás de cozinha – 33,5%
- Abril de 2021 – R$ 83,97
- Maio de 2022 – R$ 112,15
Preço médio conforme levantamento da ANP
De acordo com o diretor do Sinpetro, Edson Lazarotto, desde janeiro deste ano, houve queda de 20%, em média, na venda de gasolina e diesel no Estado. Consumidores estão deixando de abastecer ou procurador outros meios de economizar para não comprometer o orçamento doméstico.
Em um ano, a gasolina subiu 26% em MS, de R$ 5,571 para R$ 7,053, considerando-se a média nas cidades pesquisadas pela ANP. O maior valor encontrado pela agência foi de R$ 7,796 pelo litro. O etanol subiu 34%, de R$ 4,079 para R$ 5,472. O gás de cozinha acumula alta de 32%, com o preço do botijão saltando de R$ 83,97 para R$ 111,38 em um ano.
O aumento do óleo diesel vai ter impacto direto no custo dos alimentos, conforme a economista Andréia Ferreira, supervisora do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). “Como boa parte do que consumimos vem de fora do estado, quanto maior a distância, maior o impacto nos preços”, avisou.
“O repasse nos preços pode não ser imediato, em função da existência de estoques, mas na medida em que houver a reposição, o preço virá alterado”, explica. “Temos visto uma redução na volumetria dos produtos e/ou embalagens, para tentar disfarçar esta percepção de aumento de preços, mas os consumidores têm percebido isso”, conta.
A economista explica que o aumento nos preços é reflexo das safras, do clima, da guerra da Ucrânia e do aumento dos combustíveis.
No fim de semana, até o presidente Bolsonaro criticou o lucro abusivo da Petrobras, que cogita distribuir R$ 48 bilhões em dividendo aos acionistas. Já os demais brasileiros, seguem sofrendo com os reajustes abusivos nos preços dos combustíveis.