O aumento de até 24,9% nos preços dos combustíveis fez o sul-mato-grossense reviver a “era da inflação”, quando enfrentava filas quilométricas para aproveitar a gasolina antes do reajuste. Sem escrúpulos, distribuidoras e donos de postos se anteciparam ao reajuste da Petrobras, que entrou em vigor nesta sexta-feira (11), e elevaram o preço dos produtos ontem. Alguns estabelecimentos já comercializaram a gasolina a R$ 7,44 em Campo Grande.
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No esforço para conter o abuso, equipes do Procon estão nas ruas desde quinta-feira (10) e já multaram oito dos 14 estabelecimentos fiscalizados por prática de preços abusivos. O mais grave, houve todo tipo de sacanagem para lucrar em cima do desespero do consumidor, como companhia se recusando a vender o combustível para praticar os novos valores.
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De acordo o superintende regional do órgão, Marcelo Salomão, também teve posto de gasolina que suspendeu a venda alegando estar sem estoque para vender com o reajuste. Ele explicou que o livre mercado não é indiscriminado, mas tem limites, como o aumento nos preços sem motivo é considerado abusivo pelo Código de Defesa do Consumidor.
A partir desta sexta-feira, com o 2º reajuste do ano, a Petrobras elevou o preço da gasolina nas refinarias em 18,8% (R$ 0,61), passando de R$ 3,25 para R$ 3,86. O óleo diesel terá o maior reajuste de 24,9% (R$ 0,90), oscilando de R$ 3,61 para R$ 4,51. O botijão de gás sobe 16,1%, saltando de R$ 50,18 para R$ 58,24.
Logo após o anúncio, feito no final da manhã de ontem, motoristas correram aos postos de combustível e enfrentaram longas filas para aproveitar o preço antigo. Nesta sexta-feira, o preço do litro da gasolina teve aumento de quase R$ 0,70, com reajuste de 10,6%, passando de R$ 6,299 para R$ 6,97 no Centro da Capital. Outro subiu R$ 0,50, de R$ 6,46 para R$ 6,95.
A equipe de fiscalização do Procon encontrou a gasolina a R$ 7,299 em Campo Grande. No interior, como Camapuã, o Campo Grande News revelou que o litro já custava mais de R$ 8.
Salomão criticou a Petrobras pelos reajustes. Ele citou o lucro de R$ 106 bilhões registrado pela estatal no ano passado, enquanto o consumido acaba sendo castigado ao pagar um valor absurdo pelo combustível.
Na prática, conforme o superintendente, o consumidor está garantindo o lucro bilionário da estatal, das distribuidoras e dos donos de postos.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) ensaiou mudar a política de preços da petrolífera, mas recuou após a declaração ter causado a queda das ações da companhia na Bolsa de Valores. Conforme o presidente, ele não pode fazer nada e culpou a guerra da Rússia contra a Ucrância, que vem causando o aumento do barril do petróleo no mercado internacional.
Desde a gestão de Michel Temer (MDB), a Petrobras adota a política de paridade de preços, que repassa ao consumidor o valor do petróleo no mercado internacional.