O empresário Flávio Jamil Georges, o Flavinho, filho do poderosíssimo Fahd Jamil, tinha cópia do depoimento sigiloso prestado pela funcionária da família Name ao Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos e Resgate a Assaltos e Sequestros) em abril de 2020. Ao ser ouvida formalmente pela Força-Tarefa criada para desvendar a série de execuções em Campo Grande, a testemunha secreta deu detalhes sobre homicídios ocorridos em Campo Grande.
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O depoimento foi anexado ao processo sobre o assassinato do chefe da segurança da Assembleia Legislativa e o sargento da Polícia Militar, Ilson Martins Figueiredo, na última quarta-feira (12). O ofício com cópia do depoimento bombástico foi encaminhado pelos delegados por determinação do juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri.
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O magistrado acatou pedido de Fahd Jamil, em prisão domiciliar, que tenta acabar com o mistério sobre o sumiço do filho Daniel Alvarez Georges, o Danielito, ocorrido em maio de 2011 dentro de um shopping de Campo Grande.
No ofício encaminhado à 2ª Vara do Tribunal do Júri, os delegados Fábio Peró, titular do Garras, Carlos Delano, João Paulo Sartori, Tiago Macedo e Daniela Kades, destacam que cópia do primeiro depoimento da cozinheira, feito informalmente em abril de 2020, foi apreendido na casa de Flavinho na Operação Omertà 2, deflagrada em 18 de junho de 2020. O documento não tinha a última página, onde constavam os nomes dos envolvidos na oitiva da testemunha.
“Não sendo do conhecimento dos membros da Força-Tarefa como isso seria possível, até mesmo porque, naquela oportunidade não teria sido formalizada qualquer oitiva da declarante”, destacaram os delegados, sobre o termo ser encontrado na casa de Flávio Georges.
A mulher procurou o Garras no dia 20 de abril e começou a fazer revelações bombásticas envolvendo Jamil Name e Jamil Name Filho. Ela prestou depoimento por horas e à noite, devido ao adiantado da hora, os delegados pediram para retornar no dia seguinte para concluir o depoimento. No entanto, ela acabou sumindo. Esse depoimento foi vazado para a família do padrinho da fronteira.
Somente no dia 24 de agosto de 2020, a cozinheira reapareceu no Garras e se comprometeu a formalizar o depoimento. A testemunha secreta deu detalhes do suposto assassinato de Danielito, com base em declarações de José Moreira Freires, o Zezinho, que teria sido o pistoleiro envolvido no desaparecimento do herdeiro de Fahd Jamil.
No depoimento, a mulher conta que Daniel Georges anunciou que planejava retomar o controle do jogo do bicho em Campo Grande, que teria sido repassado no passado por Fuad para Jamil Name. Jamilzinho não teria gostado e planejou a execução.
Jamil Name Filho teria aproveitado que Fahd Jamil tinha sido condenado a 20 anos por tráfico de drogas e estava foragido após ter a prisão preventiva decretada pelo juiz federal Odilon de Oliveira, da 3ª Vara Federal. A sentença acabou sendo anulada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região por “insuficiência de provas”.
Conforme o depoimento, Danielito teve o corpo esquartejado e desmanchado com ácido para não deixar vestígios. Conforme a testemunha, algumas execuções estariam ligadas ao homicídio como queima de arquivo, para evitar que Fahd Jamil descobrisse o envolvimento do afilhado e do compadre com o sumiço de Danielito. No entanto, as revelações não vão reabrir o caso, porque o inquérito estaria arquivado.
Conforme os delegados, a cozinheira deu detalhes sobre outros seis homicídios, como do dono do site Última Horas News, Eduardo Ribeiro de Carvalho, o Carvalhinho, do empresário Marcelo Hernandes Colombo, o Playboy da Mansão, do delegado Paulo Magalhães, do estudante Matheus Coutinho Xavier, de Ilson Martins Figueiredo e de José Carlos da Silva, o Mineiro.
Nesta sexta-feira, o juiz Carlos Alberto Garcete Almeida, em substituição na 2ª Vara do Tribunal do Júri, deu prazo para que as defesas se manifestem sobre o ofício da Força-Tarefa com o depoimento da testemunha secreta.