O senador Nelsinho Trad (PSD) foi um dos principais beneficiários pelo orçamento secreto, como ficou conhecida a liberação de recursos por meio da emende relator e usada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para obter apoio no Congresso Nacional. Levantamento do jornal O Globo mostrou que 290 deputados federais e senadores foram beneficiados por R$ 3,2 bilhões entre 2020 e 2021.
[adrotate group=”3″]
O ex-prefeito de Campo Grande teria recebido R$ 59,88 milhões do orçamento secreto, o 10º maior valor, e superou bolsonaristas notáveis, como o senador Marcos Rogério (DEM), de Rondônia. Apesar de ter atuado como Pit Bull de Bolsonaro na CPI da Covid do Senado, o democrata recebeu R$ 56 milhões, segundo o levantamento do jornal carioca.
Veja mais:
Turma do retrocesso: quatro deputados e Nelsinho aprovam “Orçamento Secreto”
Com aval de Beto, Dagoberto, Fábio e Vander, quarentena causa revolta em policiais e militares
Beto Pereira, Dagoberto e Vander votam contra projeto que reduz ICMS sobre combustíveis
Nelsinho ficou atrás apenas dos caciques do Centrão, como o ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), do Amapá, com R$ 295,2 milhões, do atual ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), do Piauí, com R$ 145 milhões, do líder do Governo, Fernando Bezerra (MDB), de Pernambuco, com R$ 125 milhões, e do atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), de Alagoas, com R$ 114,6 milhões.
O senador sul-mato-grossense sempre votou a favor das pautas de Bolsonaro no Congresso e pouco se importou com a opinião pública ao votar, por exemplo, o aumento de 171% no fundo eleitoral para as eleições de 2022, que passou de R$ 2,1 bilhões para R$ 5,7 bilhões.
Nelsinho teve mais recursos do que o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD), do Amazonas, que ficou com R$ 51,4 milhões, e do senador Eduardo Braga (MDB), do Amazonas, com R$ 41 milhões.
O senador teve nove vezes mais que a deputada federal Bia Kicis, do Distrito Federal, que foi contemplada por apenas R$ 7,8 milhões. Carla Zambelli (PSL), de São Paulo, que tentou um acordo para manter o ex-juiz Sergio Moro no Governo, teve somente R$ 1,5 milhão, uma mixaria diante dos R$ 59,8 milhões repassados a Nelsinho.
De acordo com o jornal, o orçamento secreto se transformou no instrumento essencial para Bolsonaro manter o apoio no Congresso nos últimos dois anos. A principal polêmica foi a falta de transparência na fiscalização dos recursos, porque não há prestação de contas nem publicação dos repasses nos portais da transparência.
O Supremo Tribunal Federal chegou a vetar o orçamento secreto, conforme despacho da ministra Rosa Weber. A magistrada considerou uma absurdo o gasto de uma fortuna, que pode chegar a mais de R$ 30 bilhões, sem transparência e prestação de contas do dinheiro do povo.
A lista dos parlamentares beneficiados passou a ser escondida a sete chaves. O jornal O Globo se tornou o primeiro a ter acesso a parte dos deputados e senadores beneficiados pelo polêmico orçamento secreto. De Mato Grosso do Sul, por enquanto, Nelsinho Trad é o único a integrar a lista.
Com várias ações por improbidade até por peculato na Justiça, como o escândalo do lixo e do Gisa, Nelsinho Trad chegou a ser cotado para integrar o ministério de Jair Bolsonaro. No entanto, a nomeação ficou apenas na especulação, mas ele manteve a lealdade ao votar a favor de todos os projetos do presidente.
Para liberar os gastos do orçamento pelo STF, o parlamento aprovou nova regra do orçamento secreto. No entanto, a proposta não garante a total publicidade dos gastos. Nelsinho votou a favor do projeto, junto com os deputados Beto Pereira e Bia Cavassa, do PSDB, Dr. Luiz Ovando e Loester Trutis, do PSL.
Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (PSL) e Fábio Trad votaram contra, enquanto Dagoberto Nogueira (PDT) e Vander Loubet (PT) participaram da obstrução para evitar a análise da proposta.