No artigo “Papel social da Petrobras: Bolsonaro está certo”, o ensaísta e economista Albertino Ribeiro concorda com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de que a Petrobras deve ter função social. O povo brasileiro não pode continuar sendo penalizado pela estatal, que já elevou o preço da gasolina em 74% neste ano e festejou lucro de R$ 31,1 bilhões no primeiro semestre.
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“O direito da sociedade brasileira precisa estar acima da garantia de lucro dos acionistas da estatal. Penso, inclusive, que o mercado já deveria precificar essa realidade, pois a Petrobras também possui como donos, um povo pobre e sofrido e que não pode ser penalizado por causa dos ruídos estrondosos regidos pela mão invisível do mercado”, opina Ribeiro.
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“Embora o mercado não tenha gostado, na minha opinião, o presidente está correto”, afirma, sobre a opinião do presidente da República, de que a petrolífera deve ter função social e não visar apenas o lucro dos acionistas.
“Se a Petrobras é uma empresa estratégica e pertencente ao povo brasileiro, não faz sentido que ela se preocupe, apenas, com o lucro e com a remuneração (dividendos) dos seus acionistas. Segundo o ex-presidente da estatal, Sérgio Gabriele, o petróleo e o gás não são uma mercadoria qualquer, e não podem ser tratados da mesma forma que o preço da batata ou do pão francês. Trata-se de produto estratégico que tem forte impacto na vida das pessoas e pode contaminar toda a cadeia produtiva da economia”, explica.
Confira o artigo na íntegra:
“Papel social da Petrobras: Bolsonaro está certo
Albertino Ribeiro
Em live realizada na última quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu que a Petrobras tenha função social. Segundo ele, a empresa, por ser uma estatal, não deveria auferir lucros muito altos.
Por causa dessa e de outras palavras sobre a empresa, as ações da petroleira tiveram queda de 4% na bolsa de valores de NY, mesmo depois da divulgação do balanço cujo lucro líquido foi de R$ 31,1 Bilhões. Embora o mercado não tenha gostado, na minha opinião, o presidente está correto.
Dessa forma, se a Petrobras é uma empresa estratégica e pertencente ao povo brasileiro, não faz sentido que ela se preocupe, apenas, com o lucro e com a remuneração (dividendos) dos seus acionistas. Segundo o ex-presidente da estatal, Sérgio Gabriele, o petróleo e o gás não são uma mercadoria qualquer, e não podem ser tratados da mesma forma que o preço da batata ou do pão francês. Trata-se de produto estratégico que tem forte impacto na vida das pessoas e pode contaminar toda a cadeia produtiva da economia.
O mercado não gostou da fala do chefe do executivo porque é composto de pessoas e organizações que encaram a economia como jogo de perde e ganha; esses players não são guiados por sentimentos morais, defendidos pelo economista Adam Smith em seu primeiro livro, ainda no século XVIII, “Teoria dos Sentimentos Morais”. Nesse cenário, a regra segue os preceitos do darwinismo social, prevalecendo a lei do mais forte.
Entretanto, é fundamental termos a consciência de que, em um país como o nosso, cuja memória inflacionária é muito forte, é necessário trabalharmos com todos os elementos possíveis para que esse gatilho mental – que há décadas está latente no imaginário do brasileiro -, não seja disparado.
Destarte, a Petrobras não pode prescindir de sua função social. Ao administrar o preço dos combustíveis com visão holística, a empresa evitará flutuações exageradas que possam causar mal muito maior do que uma transitória redução de lucro; refiro-me, por exemplo, à hiperinflação e a uma sublevação popular.
O direito da sociedade brasileira precisa estar acima da garantia de lucro dos acionistas da estatal. Penso, inclusive, que o mercado já deveria precificar essa realidade, pois a Petrobras também possui como donos, um povo pobre e sofrido e que não pode ser penalizado por causa dos ruídos estrondosos regidos pela mão invisível do mercado.
“Existem duas classes de economistas: aqueles que querem tornar os ricos mais ricos e aqueles que querem tornar os pobres menos pobres.” – José Luis Sampedro”