O juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, determinou a quebra dos sigilos fiscal e bancário da servidora municipal Eneida Richards de Assis, que pode estar envolvida no esquema de desvio milionário na 2ª etapa da Orla Morena. O despacho foi publicado nesta quinta-feira (7). Ela era fiscal da obra e teria atestado serviços não entregues, conforme o Ministério Público Estadual.
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A funcionária pública já teve R$ 1,628 milhão bloqueados junto com o ex-vereador Pércio Andrade Filho, o filho do político, Leonardo, e da GT Serviços e Engenharia. Eles teriam desviado R$ 1,019 milhão da obra, executada na curta e turbulenta gestão de Gilmar Antunes Olarte (sem partido), preso desde maio para cumprir a pena por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
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O magistrado determinou a inclusão de Eneida no polo-passivo do inquérito que apura atos de improbidade administrativa e corrupção. Ele também acatou pedido para a quebra dos sigilos fiscal e bancário entre 1º de janeiro de 2014 e 31 de dezembro de 2015. O pedido foi feito pelo promotor Adriano Lobo Viana de Resende, da 29ª Promotoria do Patrimônio Público.
Eneida era a fiscal da obra e tinha contato com a família Andrade, já que era cunhada do irmão de Pércio. Ela atestou o recebimento de itens da obra que nunca foram entregues pela empreiteira, conforme despacho do juiz.
O promotor pediu bloqueio de R$ 3,058 milhões, para garantir o ressarcimento de R$ 1,019 milhão e o pagamento de multa civil de R$ 2,038 milhões. O ex-vereador, junto com o filho, Leonardo, e o irmão, Mário Luiz Câmara de Andrade, são acusados de serem sócios ocultos da empresa, que estava em nome de Orlando Torres da Silva (falecido).
A quebra do sigilo já complicou a situação de Pércio. O ex-vereador é suspeito de ter recebido R$ 1,073 milhão por meio de Orlando, o dono oficial da construtora, que realizava saques em altas quantias após os repasses pela prefeitura.
Pércio usou a mulher, Ana Maria Kemop Falcon para comprar apartamento no prédio Pablo Picasso, da Plaenge. O casal declarou ter pago R$ 360 mil. No entanto, o dono do imóvel, Honório Rodrigues Terra contou que vendeu por R$ 650 mil. A entrada, no valor de R$ 250 mil, foi paga em cash, dinheiro vivo em uma sacola.
A investigação estaria na fase final e o MPE deve analisar se ingressa com ação de improbidade administrativa contra os réus.