A ex-vereadora Luiza Ribeiro (PT) é assessora na Câmara Municipal de Campo Grande desde o início de fevereiro deste ano. Considerada uma das principais testemunhas do histórico julgamento da Coffee Break, ela acabou desapontando a acusação e agradando a defesa dos réus ao mudar o tom do depoimento ao não repetir as acusações feitas de forma enfática no Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).
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Durante a gestão de Alcides Bernal (PP), que acabou sendo vítima do suposto golpe, Luiza foi uma das principais aliadas do ex-prefeito. “Evidente que ela não manteve a palavra, o firme e detalhado depoimento ao MP não foi repetido, mas acabou não conseguindo negar vários pontos concretos, como a interferência de João Amorim e outros detalhes relatados”, avaliou um dos participantes da audiência, que acompanhou o depoimento da ex-parlamentar no dia 25 de maio deste ano.
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Sem mandato, Luiza não ficou sem frequentar a Câmara Municipal. Ela foi nomeada como assistente parlamentar desde o dia 1º de fevereiro deste ano, quando o vereador Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), um dos réus na Coffee Break, assumiu o cargo de presidente do legislativo. O antecessor, João Rocha (PSDB), também é réu na ação por improbidade administrativa.
Com salário de R$ 5,9 mil por mês, a ex-vereadora confirmou que é assessora da bancada do PT, composta pelos vereadores Camila Jara e Ayrton Araújo, que não são réus na Coffee Break. O segundo até foi um dos aliados de Bernal no legislativo.
“Não serei eu a condenar ou absolver ninguém. Também percebo que o processo tem um número maior do que 100, de testemunhas. Há provas documentais e periciais apresentadas pela acusação e pelas defesas”, afirmou, sobre a sua influência no desfecho do julgamento, previsto com a publicação da sentença no segundo semestre de 2022.
Aos amigos, ela negou que tenha mudado as declarações. “CAPAZ. SOU UMA MULHER DE PALAVRA, ESCRITA E FALADA. E uma mulher de uma palavra só. Nem quando estava no mandato, com pressão de todo tipo, mudei uma vírgula do que sou testemunha. Fui a denunciadora de vários estragos liderados por Puccinelli, os Trad e seus amigos e fiz tais denúncias com responsabilidade e embasamento. Buscamos sempre, eu e a equipe de companheiros que estavam comigo naquele mandato, promover a defesa do interesse e dos recursos públicos de forma responsável, mas contundente”, afirmou.
Na opinião da ex-vereadora, ao falar sobre o seu depoimento, “alguns jornalistas … querem sempre nos desmoralizar”. “Aproveitaram que o Juiz fez uma provocação (disse que meu depoimento no MPE feito quando era vereadora em 2015, tinha um ímpeto mais acentuado do que eu falava, naquele momento para ele como testemunha – agora em 2021)”, observou.
“O ímpeto é próprio meu mesmo. Não tenho sangue de barata. Mas guardo coerência. Naquele momento, perante o juízo eu era testemunha juramentada e, por isso, obrigada a falar apenas a verdade, respondendo ao que fui perguntada. NO MPE falei livremente”, justificou-se.
“AGORA É A HORA DO JUIZ VOTAR. Não deve ter como parâmetro o meu ímpeto e SIM BASEAR SUA DECISÃO NA FARTÍSSIMA PROVA DOS AUTOS (vídeos, comunicações telefonicas e de mensagens, movimentações financeiras, mais de 100 testemunhas). Não seria meu ímpeto a ajudá-lo a decidir”, concluiu.
O processo é conduzido pelo juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos.