Em desgraça política após a derrota acachapante na disputa pela presidência do Senado, a senadora Simone Tebet (MDB) ensaia dar a volta por cima como líder da “bancada feminina”. Apesar de não fazer parte como integrante, a emedebista vem brilhando na CPI da Covid e ganhou destaque nacional ao ser citada frequentemente pelos sites, jornais, emissoras de rádio e TV em nível nacional.
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Ex-prefeita de Três Lagoas, ex-deputada estadual e ex-vice-governadora de Mato Grosso do Sul no segundo mandato de André Puccinelli (MDB), Simone vem destacando pelas críticas contundentes feitas à gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). De aliada no início do mandato, a sul-mato-grossense já defendeu publicamente o impeachment do atual ocupante do Palácio do Planalto.
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Simone começou a ressurgir das cinzas com a oficialização do bloco das senadoras. Articuladora do grupo, ela acabou sendo eleita líder da bancada feminina no Senado e passou a ocupar os espaços no cenário político nacional. Até o final do ano passado, a senadora tinha os holofotes por comandar a Comissão de Constituição e Justiça da casa alta, uma das mais importantes no parlamento.
Desde o início dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito, os holofotes eram divididos entre os senadores Omar Aziz (PSD), do Amazonas, presidente, Randolfe Rodrigues (Rede), do Amapá, vice-presidente, e Renan Calheiros (MDB), de Alagoas, relator.
Desde do mês passado, quando conseguiu arrancar do deputado Luís Miranda (DEM), do Distrito Federal, o nome do parlamentar citado por Bolsonaro como responsável pelo suposto esquema de corrupção na compra da Covaxin, Simone passou a condição de estrela da CPI. Ao ser inquerido pela parlamentar, Miranda anunciou em alto e bom som que o deputado era Ricardo Barros (PP), líder do Bolsonaro na Câmara dos Deputados.
Na semana passada, Simone voltou a ganhar os holofotes ao apontar 23 erros grosseiros nos documentos apresentados pelo ministro-chefe da Secretaria Geral, Onyx Lorenzoni, e pelo ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Élcio Franco. As revelações da emedebista desmontaram item por item a defesa orquestrada pelo Governo de Bolsonaro para rebater as suspeitas de corrução na compra das vacinas pela covid-19.
O protagonismo na CPI, mesmo sem integra-la oficialmente, fez a senadora ganhar pontos na cúpula do MDB. Como ela passou a admitir a hipótese de disputar a presidência da República em 2022, Simone passou a ser apontada como o nome ideal para ser a 3ª via, como vem sendo chamado o nome articulado pelo centro e pela direita para enfrentar a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Bolsonaro.
Por enquanto, Simone ainda não foi incluída em nenhuma pesquisa para verificar a viabilidade eleitoral. Nas últimas semanas, ela vem ocupando o horário nobre do noticiário televisivo e destaques nos principais jornais do eixo Brasília-São Paulo-Rio de Janeiro.
Espaço semelhante ao dado a Simone já foi destinado a outros políticos de Mato Grosso do Sul. Luiz Henrique Mandetta (DEM) ficou famoso pelas entrevistas diárias sobre a pandemia. No entanto, logo após ser demitido por Bolsonaro, ele ficou sem a vitrine do Ministério da Saúde e passou a encolher nas pesquisas.
O ex-deputado federal Carlos Marun (MDB) ocupava espaços generosos nos jornais para defender o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB), até ele ser cassado e preso por corrupção. Depois, ele passou a ser o principal líder da tropa de choque de Michel Temer (MDB), que foi alvo de duas denúncias por corrupção no Supremo Tribunal Federal.
Simone entre na briga para ser a candidata a presidente com os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ambos do PSDB, Mandetta e o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT). O grupo procura um nome que seja competitivo para enfrentar Lula e Bolsonaro em 2022.