Com apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o senador Rodrigo Pachedo (DEM), de Minas Gerais, derrotou Simone Tebet (MDB) por 57 a 21 votos na disputa pela presidência do Senado. Traída pelo próprio partido, que a abandonou na reta final, a senadora encolheu politicamente e terá dificuldade na disputa da reeleição em 2022.
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Primeira mulher a disputar a presidência do Senado em 197 anos, Simone ganhou impulso na hora da votação nesta segunda-feira (1º). Os senadores Jorge Kajuru (Cidadania), de Goiás, Major Olímpio (PSL), de São Paulo, e Laiser Martins (Podemos), do Rio Grande do Sul, renunciaram as candidaturas para apoiar a candidatura da sul-mato-grossense.
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Simone só conseguiu 21 votos dos 36 senadores dos partidos que lhe declararam apoio após ser lançada candidata à sucessão de Davi Alcolumbre (DEM), do Amapá. O PSDB só deu três dos sete votos. O Podemos também rachou. O MDB a abandonou na última semana de campanha para garantir cargos na chapa de Pacheco.
Prefeita de Três Lagoas, deputada estadual e vice-governadora de Mato Grosso do Sul, Simone sonhava em se eleger presidente do Senado para repetir a trajetória do pai, senador Ramez Tebet (MDB), que foi presidente do Congresso Nacional entre 2001 e 2003. Esta é a segunda vez que ela tentou chegar ao comando do Senado.
Em 2019, a senadora sul-mato-grossense perdeu a disputa dentro do MDB. O partido optou pela candidatura de Renan Calheiros, de Alagoas. Simone tentou ser candidata avulsa, mas acabou desistindo para apoiar Alcolumbre em troca da presidência da Comissão de Constituição e Justiça do Senado.
No discurso, a senadora defendeu a independência do Senado e criticou os conchavos nos bastidores para garantir a vitória de Rodrigo Pacheco. “Não tenho cargos externos nem emendas para oferecer, só posso oferecer o trabalho conjunto a favor do Brasil”, afirmou.
Simone falou sobre a crise financeira causada pela pandemia da covid-19, que já matou 225 mil brasileiros. Ela defendeu a prorrogação imediata do auxílio emergencial e destacou que 12 milhões de brasileiros passaram a integrar a linha de miséria. Uma das medidas para superar a crise foi a reforma tributária, desde que não penalize ainda mais a classe média.
Ao falar da derrota iminente, a senadora ressaltou que não era “apenas um sonho de verão”. Ela destacou que acreditava em ganhar a eleição com base nos princípios, nas ideias e nos ideais dos senadores.
Sem condições de realizar o sonho de verão, Simone fica com o cacife político menor para disputar a reeleição em 2022. A sua vaga poderá ser disputada por pesos pesados da política regional, como o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), a ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM), o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (sem partido), e o procurador de Justiça, Sérgio Harfouche (Avante).
Caso conseguisse ser eleita a primeira presidente na história do Senado, a emedebista ganharia musculatura e se tornaria favorita na disputa da única vaga de senador em 2022. A situação da senadora fica ainda mais complicada porque o MDB enfrenta uma das maiores crises no Estado.
Durante décadas o partido contava com a máquina da prefeitura da Capital ou do Governo do Estado para disputar os cargos majoritários. Agora, sem as máquinas e com as estrelas em decadência, o partido enfrenta crise parecida com o PT em MS.
Simone já anunciou que poderá deixar o MDB a partir de março. No entanto, a decisão ainda vai depender da conjuntura regional.