O julgamento do advogado Rodrigo Souza e Silva, filho do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) – pelo suposto roubo da propina de R$ 300 mil – parou no depoimento das testemunhas de acusação na 4ª Vara Criminal de Campo Grande. Iniciada no último dia 30, em sigilo, a audiência não conseguiu ouvir todas as pessoas arroladas pelo Ministério Público Estadual.
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Além disso, a juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna deve aguardar os depoimentos previstos por meio de cartas precatórias, de pessoas que não residem em Campo Grande. As vítimas do roubo, o comerciante Ademir Catafesta e o filho, residem em Aquidauana.
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O Jacaré apurou que somente após ouvir as testemunhas de acusação, a magistrada deverá agendar as datas para ouvir as arroladas pela defesa de Rodrigo e dos sete acusados de integrar a quadrilha contratada para roubar o corretor de gado, José Ricardo Guitti Guímaro, o Polaco.
Após encerrar a fase das testemunhas, a juíza May Melke deverá interrogar o filho do tucano, o aposentado e “laranja” de uma construtora, Luiz Carlos Vareiro, o primo de Reinaldo, o sargento da Polícia Militar, Hilarino Silva Ferreira, o despachante David Cloky Hoffmann Chita, Jozué Rodrigues das Neves, o Cézar Cantor, Vinícius dos Santos Kreff, Fábio Augusto de Andrade Monteiro e Jefferson Braga de Souza, o Jê.
O roubo ocorreu no dia 27 de novembro de 2017. Conforme a denúncia, Polaco ameaçava fazer delação premiada logo após a revelação do pagamento de propina pela JBS. Os donos da rede de frigoríficos fizeram a delação em maio daquele ano.
Só que Polaco enviou um intermediário para receber a suposta propina, que foi entregue no estacionamento de um supermercado na Rua Joaquim Murtinho. Imagens da câmera de segurança mostram o momento da entrega do malote. A análise das antenas de celular mostra o percurso entre uma das empresas de Rodrigo e a entrega do dinheiro, que teria sido feita por Hilarino, conforme reportagem do Fantástico, da TV Globo.
O comerciante Ademir José Catafesta foi roubado na BR-262, próximo de Terenos, e só registrou o assalto no dia seguinte, outro fato considerado estranho na investigação. O Batalhão de Choque recuperou o veículo do comerciante e prendeu todos os envolvidos no roubo, que pediram para falar com o promotor Marcos Alex Vera de Oliveira. Em depoimento, eles acusaram Rodrigo de ter simulado o roubo para recuperar o dinheiro da propina.
Na ocasião, o governador falou em nome do filho e negou a história. A assessoria do Governo classificou a história como “estranha” e anunciou que a estava apurando. O resultado da investigação nunca foi divulgado.
O MPE denunciou os sete integrantes do grupo pelo roubo e a denúncia foi recebida pela juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna. Rodrigo foi denunciado em ação solo como mandante do assalto. A magistrada negou a denúncia contra o filho de Reinaldo. O MPE recorreu e a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça acatou o recurso e tornou o filho do governador réu por roubo. No mês passado, a juíza uniu as ações porque as testemunhas são as mesmas nos dois processos para dar agilidade à tramitação das ações penais. Em novembro deste ano, a história completará quatro anos.