No artigo “A grandeza da Fiocruz e a peste manqueira que assola Brasília”, o ensaísta e economista Albertino Ribeiro resgata a história da instituição criada em 1900 e que salvou a vida de milhares de brasileiros, de todas as classes sociais, com a descobertas de vacinas e tratamento para as mais diferentes doenças. Ele cita a varíola, meningite, poliomielite, sarampo e febre amarela.
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“Criada inicialmente para fazer soros e vacinas contra a peste bubônica que ainda assolava o mundo na época, a Fiocruz, com a brilhante atuação de Oswaldo Cruz, realizou uma reforma sanitária que erradicou as epidemias da peste bubônica e febre amarela no Rio de Janeiro”, relembra.
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“Com o passar do tempo, a fundação expandiu seu alcance para todo o Brasil, aumentando seu escopo de vacinas e descobrindo tratamentos para combater várias doenças, dentre elas, a malária e doença de chagas em 1911”, destaca.
E relembra o ataque à instituição pelos seguidores de Jair Bolsonaro (sem partido), como a médica Mayra Pinheiro, conhecida como capitã Cloroquina, pela defesa que faz do medicamento sem comprovação científica no tratamento da covid-19. “Poderíamos chamar de capitã caverna, dado o pensamento anticientífico em pleno século 21”, debocha.
“Foi o corpo técnico da Fiocruz que, em 1908, descobriu a vacina contra a peste manqueira, uma doença fatal causada pela bactéria carbúnculo sintomático”, destaca, já que muitos pecuaristas apoiam o Governo e parte acaba repetindo as críticas feitas pelos bolsonaristas.
“Não obstante, estamos diante de um governo claudicante que anda em descompasso com a realidade; que dedica grande parte do seu tempo atacando pessoas e instituições, contribuindo, assim, para a insegurança do ambiente institucional do país”, conclui.
Confira o artigo:
“A grandeza da Fiocruz e a peste manqueira que assola Brasília
Albertino Ribeiro
“Ela disse tênis e não pênis”.
“Não senador, disse pênis mesmo!”
O diálogo acima não é parte de uma piada, mas aconteceu na última terça-feira, dia 25 de maio, durante a CPI da Covid no Senado Federal.
A médica Mayra Pinheiro – conhecida como capitã Cloroquina, que poderíamos chamar de capitã caverna, dado o pensamento anticientífico em pleno século 21 – mostrou, mais uma vez, o quão despreparado são os políticos e assessores do atual governo.
A turma que é contra a diversidade possui também as suas; na verdade um balaio que tem de tudo: terraplanistas, médicos que defendem a cloroquina e até deputados que vivem a dizer que a máscara prejudica a respiração celular (Meu Deus!).
Destarte, dessas pessoas não podemos esperar outra coisa senão ataques baixos às instituições que são justamente o oposto do seu ideário retrógrado e obscurantista. Nessa linha, a Fiocruz foi a “bola da vez”. Acusada de ter um pênis inflável na entrada do prédio, a instituição também foi chamada de comunista e de possuir em seus tapetes vermelhos a imagem de Chê Guevara (ela só pensa …. naquilo).
Leitor, você conhece a história da Fiocruz? Sabe a importância dessa instituição para o Brasil e para o mundo? A Fundação Oswaldo Cruz foi criada em 25 de maio de 1900, inclusive, fez seu aniversário de 121 anos no dia do depoimento da Mayra (imperdoável).
Criada inicialmente para fazer soros e vacinas contra a peste bubônica que ainda assolava o mundo na época, a Fiocruz, com a brilhante atuação de Oswaldo Cruz, realizou uma reforma sanitária que erradicou as epidemias da peste bubônica e febre amarela no Rio de Janeiro.
Com o passar do tempo, a fundação expandiu seu alcance para todo o Brasil, aumentando seu escopo de vacinas e descobrindo tratamentos para combater várias doenças, dentre elas, a malária e doença de chagas em 1911.
A partir da década de 50, foi responsável pela fabricação de vacinas contra a varíola, meningite, poliomielite, sarampo e febre amarela, salvando, assim, a vida de muitos brasileiros de todas as classes sociais.
Em 1987, a Fundação Oswaldo Cruz conseguiu isolar, pela primeira vez, o vírus do HIV. Esse feito lhe concedeu o direito de integrar a rede internacional de laboratórios para isolamento e caracterização do vírus. Recentemente teve papel importante no combate ao vírus da zika e na descoberta de sua relação com a microcefalia. Destarte, uma instituição desse quilate não merece ter o nome maculado.
Agronegócio não deve ser ingrato
Como se não bastassem as conquistas na área da saúde humana que tem rebatimentos na economia, os cientistas da fundação deram grande contribuição ao agronegócio do País.
Sabemos que a maioria dos pecuaristas – principalmente aqui no estado de Mato Grosso do Sul – apoia a turma de Brasília. Não há nada de mal nisso quando o apoio não se deixa contaminar pela intolerância. Contudo, muitos representantes desse importante setor da economia brasileira têm endossado ataques indiscriminados às instituições públicas e a seus trabalhadores.
Foi o corpo técnico da Fiocruz que, em 1908, descobriu a vacina contra a peste manqueira, uma doença fatal causada pela bactéria carbúnculo sintomático. A doença atinge preferencialmente os animais jovens, matando-os em menos de 48 horas. Muitas vezes o pecuarista fica sabendo da doença apenas quando encontra o gado morto no pasto.
De acordo com o canal Rural (2018), morrem por ano 400 mil animais; fazendo uma conta rápida, o prejuízo fica em torno de R$ 2,4 bilhões. Por seu turno, o combate a peste manqueira é feito pela vacinação do rebanho a um custo que não chega a um real cada vacina, garantindo a saúde e proteção do rebanho.
Não obstante, estamos diante de um governo claudicante que anda em descompasso com a realidade; que dedica grande parte do seu tempo atacando pessoas e instituições, contribuindo, assim, para a insegurança do ambiente institucional do país.
Como se fosse um carbúnculo contagioso, a liderança em Brasília incita em seus apoiadores radicais um ódio a tudo e todos que discordam de suas ações. Com efeito, esse mau exemplo tem levado pessoas a um estado febril, fazendo-as agir como “The Walking Deads”, ou seja, desprovidas de cérebro e coração.
“E enquanto estiverdes
À frente da Pátria
Sobre nós, amordaça.
E sobre as vossas vidas
– Homem político –
Inexoravelmente, nossa morte”.
Hilda Hilst”