O ex-deputado estadual Paulo Siufi (MDB) afirmou, no interrogatório do histórico julgamento da Coffee Break, que o empresário João Amorim é o dono da Solurb, concessionária do lixo em Campo Grande. A partir desta terça-feira (25), o juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, começa a ouvir as 64 testemunhas de acusação e defesa.
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Os destaques de hoje são o ex-prefeito Alcides Bernal (Progressistas) e ex-vereadora Luiza Ribeiro (PT). A ex-secretária e atual sócia de Amorim, Elza Cristina Araújo dos Santos, será ouvida no dia 1º de junho deste ano. Ela ficou famosa com a divulgação das interceptações telefônicas em que convidava os políticos para tomar “cafezinho”. De acordo com a Polícia Federal, o termo era para pagar propina.
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Os últimos réus a serem ouvidos foram Siufi, o ex-presidente da Câmara Municipal e ex-vice-prefeito da Capital, Edil Albuquerque e o ex-secretário municipal de Saúde e vereador Jamal Salem (MDB). Dois réus não prestaram depoimento. O ex-governador André Puccinelli (MDB) obteve liminar no Superior Tribunal de Justiça às 22h21 da véspera do interrogatório. O senador Nelsinho Trad (PSD) recuou novamente e acabou sendo dispensado.
Paulo Siufi foi presidente da CPI do Calote, instalada cinco meses após a posse de Bernal no cargo de prefeito. A comissão cobrou o pagamento dos repasses pela prefeitura para as empresas. Ele revelou que a denúncia no atraso do pagamento teria sido feita por meio de carta anônima deixada em seu gabinete.
O ex-deputado estadual admitiu que recebeu doações de campanha da Financial Construtora Industrial, detentora de 50% da sociedade da concessionária do lixo. No entanto, ele garantiu que não conhecia nem nunca manteve contato com o proprietário da construtora, Antônio Fernando de Araújo Garcia. “Fiquei sabendo do dr. Fernando, não o conheço, nunca o vi pessoalmente”, afirmou, ao ser questionado pelo advogado Arnado Puccini.
No início do interrogatório, ao responder ao juiz David de Oliveira Gomes Filho, Siufi admitiu conhecer João Amorim. “A CG Solurb era de propriedade do João Amorim”, afirmou, fazendo coro à suspeita da PF de que o dono da Proteco é um dos verdadeiros donos da empresa responsável pela coleta do lixo na Capital e que recebe em torno de R$ 85 milhões por ano da prefeitura.
Conforme interceptações telefônicas da Operação Coffee Break, João Amorim procurou vereadores para cobrar o pagamento à Solurb. Apesar das revelações, ele sempre negou ser o sócio da concessionária do lixo, que ganhou o contrato bilionário do lixo na gestão de Nelsinho Trad, que na época era cunhado do empresário.
Oficialmente, além da Financial, o genro de Amorim, Luciano Potrich Dolzan, dono da LD Construções, é dono de outros 50%. Até assumir a construtora, ele tinha renda anual de R$ 20 mil, conforme a denúncia do MPE.
Siufi admitiu que houve reunião do MDB com Olarte para discutir a cassação do mandato de Bernal. A CPI do Calote, criada em maio de 2013, acabou servindo de base para o golpe contra o prefeito, que acabou sendo destituído do cargo no dia 13 de março de 2014. Ele negou que tenha apoiado Olarte em troca de cargos na prefeitura.
Contudo, Siufi admitiu que indicou várias pessoas para compor a gestão de Olarte, mas negou que tenha rateado a Secretaria Municipal de Saúde com Jamal. Ele disse que nunca teve 50% dos cargos revelados em conversa telefônica interceptada do ex-prefeito.
Nesta terça-feira, a Justiça dá início à nova fase da Coffee Break com o depoimento das testemunhas. Luiza Ribeiro vai depor no período da tarde. João Amorim chegou a pedir a suspensão do depoimento da ex-vereadora, a principal aliada de Bernal na gestão da prefeitura, mas o pedido foi negado pelo juiz.
Outro depoimento espera será o de Bernal. Nos interrogatórios, os réus contaram que logo após ser eleito prefeito, ele se reuniu com os vereadores e teria agido de forma truculenta e arrogante. Conforme João Rocha (PSDB), ele tirou a caneta do bolso e teria dito: eu tenho a caneta, eu tenho o poder.
O ex-vereador e atual secretário-adjunto de Governo, Flávio César de Oliveira (PSDB), chegou a afirmar que a população votou errado e a cassação de Bernal teve o objetivo de corrigir o voto do eleitor. A Câmara restringiu a suplementação livre de 30% para 5%, medida que elevou a animosidade entre o legislativo e o Executivo.
Os depoimentos das testemunhas na semana são os seguintes:
- dia 25/05/2021, às 09:00 horas, para ouvir as testemunhas Fabiano de Oliveira Neves, Evandro Batista da Silva e Adair Souza da Mata;
- dia 25/05/2021, às 14:00 horas, para ouvir as testemunhas Luiza Ribeiro Gonçalves e Alcides Jesus Peralta Bernal;
- dia 26/05/2021, às 09:00 horas, para ouvir as testemunhas Luciano Rodrigues da Silva, Carlos Roberto Santos e Merces Dias Júnior; ]
- dia 26/05/2021, às 14:00 horas, para ouvir as testemunhas Paulo Sérgio Batista de Oliveira, Afonso Luiz Taveira e Nilson Antonio Verga;
- dia 27/05/2021, às 09:00 horas, para ouvir as testemunhas Francisco das Chagas Fernandes, Sidinei Oshiro e Amílcar Moreno Peixoto;
- dia 27/05/2021, às 14:00 horas, para ouvir as testemunhas Arlindo Nardini Júnior, Thallyson Martins Pereira;
- dia 28/05/2021, às 09:00 horas, para ouvir as testemunhas José Maria dos Santos, Lucivaldo Correia e Luiz Henrique Santos Coelho;
- dia 28/05/2021, às 14:00 horas, para ouvir as testemunhas Aurenice Rodrigues Pinheiro Pilatti e Renata Guedes Alves Alegretti;
- dia 31/05/2021, às 09:00 horas, para ouvir as testemunhas José Eduardo Amancio da Mota, Liliam Maria Maksoud Gonçalves e Ricardo Vieira Dias;
- dia 31/05/2021, às 14:00 horas, para ouvir as testemunhas Júlio Bolsonaro Filho e Dorival Ribeiro de Oliveira Filho.