Acompanhado por profissional de enfermagem 24 horas, o poderosíssimo empresário Fahd Jamil, conhecido como rei da fronteira, deve completar um mês na cadeia. Acusado de chefiar um grupo de extermínio na fronteira, ele se entregou no dia 19 do mês passado e aguarda a realização de exames para ter o pedido de prisão domiciliar ser analisado pelo juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande.
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Como se apresentou espontaneamente e continua na sede do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), o lendário empresário deve sentar pela primeira vez no banco dos réus. Na próxima semana, o juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, começa a ouvir as testemunhas da execução do chefe da segurança da Assembleia e o sargento da Polícia Militar, Ilson Martins Figueiredo.
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De acordo com o Ministério Público Estadual, Fahd, junto com Jamil Name e Jamil Name Filho, mandou executar o policial para vingar a morte do filho, Daniel Georges, que desapareceu dentro de um shopping de Campo Grande em 2011. Ele suspeita que o filho foi assassinado.
Fahd e o filho, Flávio Correia Jamil Georges, são réus em mais duas ações penais por corrupção ativa e passiva, organização criminosa, obstrução de justiça, tráfico de armas de grosso calibre, entre outros.
Com a prisão preventiva decretada pelo juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal de Campo Grande em junho de 2020, Fahd decidiu se entregar após entrar na mira do PCC (Primeiro Comando da Capital), a facção paulista que domina a maior parte dos presídios brasileiros. A organização criminosa quer assumir o controle da fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, considerado ponto estratégico para a distribuição de drogas para o restante do País.
Em carta divulgada no dia da apresentação no Garras, os advogados de Fhad negaram a participação dele em qualquer crime. Eles frisaram que o empresário era sustentado pelos filhos, com graves problemas de saúde e era perseguido pelo PCC.
Desde então, Fahd Jamil permanece em uma cela improvisada no Garras. Na delegacia, ele é acompanhado por enfermeiras, que se revezam no turno de 12 horas. As profissionais de enfermagem o ajudam a fazer caminhadas, que sempre exigem oxigênio, e ministram os medicamentos. “Toma muito remédio”, contou uma fonte. A alimentação de Fahd é garantida pela família.
Logo após ele se apresentar, a defesa ingressou com habeas corpus para suspender a prisão preventiva ou conceder a prisão domiciliar. O juiz Roberto Ferreira Filho determinou a realização de perícia. O perito do IMOL (Instituto Médico e Odontológico Legal) pediu a realização de novos exames, porque os apresentados foram realizados há mais de seis meses.
Enquanto se submete a um bateria de exames de sangue, raio-x e tomografia, Fahd Jamil continua preso. Somente após a conclusão dos exames, o perito terá ainda cinco dias para concluir o laudo. Fahd deverá completar um mês preso na próxima quarta-feira (19).
Caso o juiz decida mantê-lo preso, ele será transferido para um presídio. No entanto, Fahd não poderá ir para qualquer unidade, já que a maior parte é dominada pela facção criminosa.