Os empresários Fahd Jamil, 79 anos, e o filho, Flávio Corrêa Jamil Georges, o Flavinho, 43, atuaram nos bastidores para transferir Elton Leonel Rumich da Silva, o Galã, para um presídio federal. Com o isolamento do líder de uma das maiores facções criminosas do País, eles pretendiam eliminar os integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai.
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A estratégia teria sido descoberta durante as investigações da Operação Omertà. Conforme petição assinada por seis promotores de Justiça, entregue nesta terça-feira (27) à Justiça, o objetivo era acabar com as raízes de Galã em Ponta Porã e Pedro Juan Caballero. A suposta organização criminosa, chefiada pelo rei da fronteira, tinha declarado guerra ao PCC.
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Preso há uma semana no Garras (Delegacia de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), o poderosíssimo empresário alegou perseguição do PCC para se entregar após 10 meses foragido. A defesa tenta converter a prisão preventiva em domiciliar. Para isso, o empresário está sendo submetido a perícia médica.
No entanto, a saída de Fahd Jamil da prisão deve demorar mais do que o previsto. O perito do IMOL (Instituto Médico e Odontológico Legal) avaliou o réu na manhã de ontem. No entanto, ele decidiu pedir novos exames para avaliar as condições de saúde, já que os apresentados foram feitos há mais de seis meses. Somente após isso, ele vai concluir o laudo se Fuad Jamil, como é conhecido, tem ou não condições de continuar preso.
Já sobre a guerra com o PCC contou com o apoio de autoridades policiais. Conforme o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Flavinho pediu ajuda ao policial federal Everaldo Monteiro Assis, o Jabá, para pesquisar se Galã já tinha sido transferido para uma penitenciária federal. O policial descobriu que ele continuava preso em Bangu 1, no Rio de Janeiro.
Em uma das conversas interceptadas, Flávio Jamil Georges diz que pedirá ajuda ao “Dr. Carlinhos” para viabilizar a transferência de Galã para uma unidade federal. Os promotores não identificam quem seria “Carlinhos”.
“Em outras palavras, FLAVIO CORREIA JAMIL GEORGES (‘FLAVINHO’) só estava esperando o isolamento de Elton Leonel Rumich da Silva (‘Galã’) no Presídio Federal, para então eliminar (assassinar) os demais integrantes do grupo (‘pessoalzinho dele aqui que TÁ PELA BOLA 8’), isso para acabar com a vinculação dele na região de fronteira”, pontuaram os promotores.
“’Pra acabar com a raiz dele aqui, entendeu?’”, teria dito o herdeiro de Fahd na interceptação feita pelo Garras e Gaeco. Não há informações se o grupo chefiado por Jamil levou adiante o plano, já que a fronteira está em guerra há vários anos e vem registrando execuções quase diariamente.
“Ao contrário do arguido pelos acusados FAHD JAMILe FLÁVIO CORREIA JAMIL GEORGES, as provas até o momento produzidas dão conta de que ambos lideram uma organização criminosa sediada em Ponta Porã há muitos anos. A referida organização criminosa é considerada uma das maiores organizações criminosas em atuação no Estado de Mato Grosso do Sul, dado o seu notório poderio bélico e econômico”, afirmou o MPE.
O pai está preso, mas Flavinho segue foragido. Eles são réus por corrupção passiva, organização criminosa, tráfico de armas e pelo assassinato do chefe da segurança da Assembleia Legislativa, sargento da PM Ilson Martins Figueiredo.
Os processos tramitam na 1ª Vara Criminal e na 2ª Vara do Tribunal do Júri. A defesa pediu que as ações fossem julgadas pelo titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri. O juiz Aluizio Pereira dos Santos negou o pedido do Gaeaco para decretar a prisão de Fahd Jamil pela execução de Figueiredo.
Ele está com o mandado de prisão preventiva decretada pelo juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal, que faz parte do grupo de magistrados designados para analisar denúncias envolvendo o crime organizado.