A troca no comando da Itaipu vai antecipar, em dois anos, a saída do ex-ministro Carlos Marun (MDB) do Conselho de Administração da estatal. O emedebista vai deixar o emprego dos sonhos, no qual tinha salário de, no mínimo, R$ 27 mil para participar de uma reunião a cada dois meses, fora gratificações, e planeja retornar à política de Mato Grosso do Sul.
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Famoso por defender os ex-presidentes da República, Michel Temer, e da Câmara, Eduardo Cunha (MDB), das graves acusações de corrupção e até alvo da Operação Registro Espúrio, da Polícia Federal, Marun deve reforçar a campanha do ex-governador André Puccinelli (MDB). Ele poderá tentar uma vaga na Câmara dos Deputados, onde exerceu um mandato e ganhou fama nacional como integrante da tropa de choque de Cunha, ou até voltar à Assembleia Legislativa.
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O ex-deputado federal ocupava o cargo de ministro de Temer, como chefe da Secretaria de Governo, quando foi nomeado, no fim do mandato do emedebista, para o cargo de conselheiro da Itaipu. No dia 16 de maio do ano passado, apesar de ser criticado pelos bolsonaristas, ele acabou reconduzido por Bolsonaro para um mandato de quatro anos, que só terminaria em maio de 2024.
Além do salário de R$ 27 mil, Marun tinha direito a outros benefícios. No ano passado, a Folha de São Paulo divulgou que ele ganhou bônus extra de R$ 47 mil, livre de impostos, três meses após ser contemplado pela recondução por Bolsonaro. Após o pagamento de penduricalho causar polêmica, o general Joaquim Silva e Luna suspendeu a divulgação dos salários dos diretores no Portal da Transparência da Itaipu. O Metrópoles, do Distrito Federal, não conseguiu obter as informações.
A sorte de Marun mudou com a saída de Luna do comando da Itaipu. O general foi indicado para comandar a Petrobras. O novo presidente da binacional de energia, general João Francisco Ferreira, assumiu ontem. O Governo decidiu aproveitar a mudança para substituir Marun.
“Em função de ter se tornado pública a minha saída do Conselho de Itaipú, e a bem da verdade, informo que não pedi demissão”, admitiu o ex-ministro. Ele contou que conversou com o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, e com o novo chefe da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos. “Ficou estabelecido que este seria um adequado caminho em função das alterações que estão acontecendo na Empresa”, afirmou.
No entanto, o ex-deputado sinalizou que não ficou triste em perder o cargo. “Até da minha vontade de voltar a atuar politicamente”, confirmou Marun. Nesta semana, ele participou de reunião da cúpula regional do MDB sobre as eleições de 2022. O partido decidiu lançar candidato próprio a sucessão de Reinaldo, que pode ser Puccinelli ou a senadora Simone Tebet (MDB).
“Assim que a substituição efetivamente acontecer vou me manifestar sobre o assunto e expressar ao Presidente Jair Bolsonaro meu agradecimento pela oportunidade de ter servido a esta grande Empresa Binacional”, ressaltou o conselheiro, que aguarda a demissão para os próximos dias.
Apesar de ter sido alvo da Operação Registro Espúrio, da Polícia Federal, há mais de três anos, Marun ainda não foi denunciado pelo Ministério Público Federal. Ele era investigado pelas supostas fraudes na emissão de registros pelo Ministério do Trabalho e Emprego.