A Guarda Municipal tentou, mas não impediu a realização da 2ª megacarreata a favor do impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no final da manhã deste sábado (23) em Campo Grande. Com o dobro de participação em relação a primeira, realizada a partir das redes sociais no domingo, a manifestação contou com a participação de mil a 2 mil veículos, conforme estimativa dos organizadores.
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O secretário municipal de Segurança Pública, Valério Azambuja, negou que o objetivo vetar o protesto contra Bolsonaro. Por meio da assessoria, ele explicou que os guardas municipais só estavam cumprindo a liminar do desembargador Geraldo de Almeida Santiago, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, que vetava passeatas, carreatas e aglomerações na Capital enquanto perdurar a pandemia. Ele ressaltou que ainda há decretos municipal e estadual proibindo aglomerações.
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No entanto, o próprio Poder Judiciário ignorou a liminar de Santiago e os decretos. A posse do novo presidente do TJMS, desembargador Carlos Eduardo Contar, reuniu cerca de 300 pessoas no Palácio Popular da Cultura. Até o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), um dos autores do decreto usado para vetar a carreata, esteve presente e falou sobre as ações para combater a pandemia. (veja matéria do Campo Grande News)
A carreata estava marcada para as 11h, mas teve atraso de quase 50 minutos. A Guarda Municipal bloqueou a saída dos manifestantes e só liberou após acordo intermediado pelos vereadores Camila Jara (PT) e Marcos Tabosa (PDT). Os guardas impediram a carreata de passar pelo Centro de Campo Grande e a mobilização terminou na Rua 25 de Dezembro, em frente ao Paço Municipal.
Camila explicou que o decreto estava em vigor na campanha, mas a Guarda Municipal não impediu a realização de carreatas pelos candidatos. Na sua opinião, a prefeitura não poderia vetar o direito constitucional da expressão da opinião dos brasileiros.
O coordenador da Frente Fora Bolsonaro, André Lage, estimou que 2 mil veículos participaram da carreata. “Foi a maior carreata da história de Campo Grande”, alegou. No entanto, a maior na história da cidade ainda foi a realizada pelos aliados de Bolsonaro nas eleições de 2018, quando milhares de veículos tomaram toda a extensão da Afonso Pena, entre o Centro e o Parque das Nações.
Lage afirmou que a mobilização pelo impeachment ganhou corpo e furou a bolha, não se limitando aos militantes de esquerda, sindicalistas e movimentos sociais. Parte da classe média, que votou em Bolsonaro, estaria arrependida e passou a defender o afastamento após as mortes causadas pela pandemia.
“Foi surpreendente a adesão das pessoas, o que demonstra o crescimento da insatisfação das pessoas com o governo. A gravidade da crise sanitária e a incompetência do governo estão gerando uma situação de revolta nas pessoas”, afirmou o deputado estadual Pedro Kemp (PT), que participou das duas carreatas.
“Chamou a atenção o comportamento da Guarda Municipal de querer impedir o prosseguimento da carreata. Não é admissível a repressão de um movimento democrático, pacífico e em defesa do direito à saúde da população”, criticou.
A coordenadora do movimento Juristas Pela Democracia, Giselle Marques, também lamentou a intervenção da Guarda Municipal justamente logo após a reeleição do prefeito Marquinhos Trad (PSD). Ela ressaltou que a liminar, concedida no início da pandemia para impedir atos a favor do presidente da República, não teria mais validade. “A carreata não tem aglomeração, é cada um dentro do seu carro”, explicou.
Lage adiantou que o movimento também pede a manutenção do pagamento do auxílio emergencial, que variou de R$ 300 a R$ 600 de abril a dezembro do ano passado, e um plano nacional de vacinação contra a covid-19. “Queremos um plano de verdade, não esse do Pazuello”, afirmou, fazendo referência as trapalhadas do ministro da Saúde, general de Exército, Eduardo Pazuello.
O próximo passo da Frente Fora Bolsonaro será levar a mobilização para a periferia da Capital para discutir com os desempregados e famílias atingidas pelo fim do pagamento do auxílio emergencial.
Conforme pesquisa do Datafolha, divulgada na sexta-feira, 53% dos brasileiros são contra o impeachment de Bolsonaro, enquanto 42% defendem a cassação do mandato do presidente da República.