Depoimento de testemunha deverá causar reviravolta na investigação sobre o assassinato de Daniel Alvarez Georges, o Danielito, filho de Fahd Jamil, ocorrido no dia 3 de maio de 2011. Conforme a revelação feita à Força-Tarefa da Polícia Civil, comandada pelo Garras, ele foi assassinado pelo pistoleiro José Moreira Freires, o Zezinho, a mando dos empresários Jamil Name, 81 anos, e Jamil Name Filho, 43. A defesa nega a acusação.
[adrotate group=”3″]
A causa do assassinato seria o controle do jogo do bicho em Campo Grande, que rende aproximadamente R$ 18 milhões por ano à família Name. O depoimento explosivo deverá estremecer as relações entre os compadres, que teriam se aliado para vingar a morte de Danielito.
Veja mais:
Foragido há 6 meses e respirando com ajuda de oxigênio, Fahd Jamil insiste na prisão domiciliar
Fahd Jamil alega sete doenças, mas STJ nega pedido de prisão domiciliar pela 2ª vez
Gaeco vê ligação de grupo de Fahd Jamil, foragido pela 2ª vez, com nove execuções brutais
Fahd Jamil, Name e delegado viram réus por corrupção e obstruir investigações de homicídios
Um outro depoimento revelou que Daniel Georges estava na mira de três grupos. Jorge Rafaat, que teria assumido o controle do tráfico na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, tinha intenção de mata-lo após receber recados de que o único rei da fronteira era Fahd Jamil. Georges planejava eliminar Rafaat para assumir o papel do pai, conhecido como rei da fronteira.
O segundo era Cláudio Rodrigues de Oliveira, o Meia Água, que devia uma grande quantia em dinheiro para a Fahd Jamil e passou a ser cobrado por Danielito. O terceiro era grupo dos Names. Georges teria dito que o pai deu o controle do jogo do bicho na Capital e ele planejava toma-lo de volta.
A revelação de que Name teria determinado a execução do filho de Fahd Jamil foi feito nesta segunda-feira (21) pelo repórter Allan de Abreu, da revista piauí (veja aqui). O Jacaré confirmou a informação de que Zezinho confidenciou a uma amiga, que era funcionária da família Name.
Logo após deixar a cadeia em São Paulo, Daniel Georges almoçou em uma churrascaria tradicional no Bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande, e passou por um shopping, onde foi visto pela última vez. Ele nunca mais foi visto e a família só obteve o atestado de óbito na Justiça no ano passado.
De acordo com a testemunha, Zezinho contou que foi o responsável pela execução do primogênito do padrinho da fronteira. Daniel teria sido convidado por Jamilzinho para uma festa com mulheres em uma chácara em Campo Grande. Ele acabou indo sem seguranças. AO chegar no local, deparou-se com homens fortemente armados.
Conforme a revelação, Danielito foi executado com vários tiros e esquartejado. Para sumir com o corpo, o grupo o derreteu em um barril com ácido. Zezinho revelou à amiga que temia ser morto por Fahd Jamil.
A mesma testemunha contou que ouviu relato semelhante do sargento Ilson Martins Figueiredo, que foi segurança de Name e era chefe da segurança da Assembleia Legislativa. Ele acabou sendo executado por vários tiros de armas de grosso calibre em junho de 2018.
O depoimento deve causar reviravolta na investigação da morte de Daniel Georges. Fahd Jamil é compadre de Jamil Name. No ano passado, quando a Força-Tarefa da Polícia Civil descobriu o paiol do poderoso empresário na Capital e o advogado aconselhou Jamilzinho a dar no pé, Fahd Jamil recebeu o afilhado em sua casa por mais de mês.
Zezinho foi morto em confronto com a Polícia Civil do Rio Grande do Norte na zona rural de Lagoa de Pedras, a 281 quilômetros de Mossoró, onde Name pai e filho estão presos. Ele usava documentos falsos e estava com uma pistola roubada de um policial potiguar. A polícia suspeitava que ele recebeu R$ 200 mil para matar uma autoridade da região, promotor ou juiz.
O advogado Tiago Bunning, de Jamil Name, negou que o empresário tenha mandado matar o filho do compadre. “Todas as acusações de homicídio baseiam-se em supostas oitivas informais de duas pessoas não compromissadas como testemunhas”, afirmou. “Além disso, não existe qualquer outro elemento que comprove diretamente que Jamil foi autor imediato ou mandante de qualquer homicídio ou outros delitos”, ressaltou.
O advogado de Jamil Name Filho, Félix Jayme Nunes da Cunha, também negou a acusação em nota enviada à revista piauí. “O empresário Jamil Name Filho jamais pertenceu ou chefiou qualquer organização criminosa e jamais foi mandante de qualquer dos homicídios apurados pela Polícia Civil, cujas investigações vêm sendo desconstituídas pelas defesas e por depoimentos em juízo”, afirmou.
O advogado Gustavo Badaró afirmou que Fahd Jamil foi denunciado pelo MPE “pela fama dele” na fronteira. Conforme o defensor, não há provas de crimes praticados pelo empresário. Fahd Jamil está foragido desde 18 de junho deste ano, quando houve a deflagração da Operação Armagedon, 3ª fase da Omertà. Ele está tentando obter habeas corpus para ficar em prisão domiciliar.