Alexandre Souza Donatoni, o Xiru, virou sócio de empresa de informática e recebeu elevadas quantias o sogro, o empresário Ivanildo da Cunha Miranda, fazer a delação premiada na Operação Lama Asfáltica. As revelações feitas na colaboração foram cruciais para levar o ex-governador André Puccinelli (MDB) pela primeira vez à cadeia em novembro de 2017.
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A Polícia Federal passou a mirar os negócios suspeitos na Operação Motor de Lama, denominação da 7ª fase da Lama Asfáltica, deflagrada no mês passado. O juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal, acatou o pedido de mandado de busca e apreensão nos endereços do genro de Ivanildo. O magistrado também determinou a quebra dos sigilos bancários e fiscal dele e de oito empresas em que Donatoni atua ou foi sócio.
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Ivanildo da Cunha Miranda teve o acordo de colaboração premiada homologada pela Justiça em agosto de 2017. Ele subsidiou a Operação Papiros de Lama, que levou à prisão do ex-governador e do filho, André Puccinelli Júnior, em 14 de novembro de 2017. Eles foram soltos no dia seguinte. O emedebista acabou voltando para a prisão em julho de 2018, de onde só saiu na véspera do Natal daquele ano.
Xiru virou sócio da Mil Tec Tecnologia, que tem contratos milionários com o Governo do Estado. Conforme a Polícia Federal, ele substituiu Rosimeire Aparecida de Lima. Oficialmente, o genro de Ivanildo tinha apenas 0,15% (R$ 10,6 mil da empresa, cujo capital social era de R$ 6,770 milhões. Ele ficou como sócio da empresa de Ricardo Fernandes de Araújo, acusado de ser testa de ferro de João Roberto Baird, o Bill Gates Pantaneiro, de 30 de outubro de 2018 a 25 de fevereiro de 2019.
Quebra do sigilo bancário, determinada pelo juiz substituto Sócrates Leão Vieira, da 3ª Vara Federal, revelou elevada movimentação bancária entre Antônio Celso Cortez, da PSG Tecnologia Aplicada, para Alexandre Donatoni. Em apenas uma transação, ele teria transferido R$ 800 mil.
“Os documentos arrecadados e informações apuradas demonstram significativa movimentação financeira de ALEXANDRE DONATONI com investigados, principalmente ANTONIO CELSO CORTEZ, inclusive com periodicidade mensal de transferências dos valores entre as partes e aliado à proximidade que mantém com MIL TEC TECNOLOGIA, JOÃO ROBERTO BAIRD e RICARDO FERNANDES DE ARAUJO, sugere-se aprofundamento das investigações quanto à possível participação de ALEXANDRE DONATONI no favorecimento ou mesmo ocultação patrimonial e lavagem de dinheiro”, ressaltou o magistrado.
A PF também apura a participação de Xiru no esquema de evasão de divisas. Interceptação de mensagens mostra o filho de Cortez, Antônio Celso Cortez Júnior, combinando encontros e avisando a ida do “amigo” na casa de câmbio em Pedro Juan Cabellero.
Durante mandados de busca e apreensão na empresa de Ivanildo da Cunha Miranda, a PF apreendeu vários cheques emitidos pelo genro. Para os agentes federais, há indícios de agiotagem ou transferências com o objetivo de ocultação de patrimônio ou lavagem de dinheiro.
A Operação Motor de Lama determinou o bloqueio de R$ 40 milhões e impôs medidas cautelares aos empresários João Roberto Baird, Antônio Cortez e seu filho, Antônio Celso Cortez Júnior, e João Amorim. O magistrado não os levou de volta à prisão por causa da pandemia da covid-19.