A Polícia Federal apreendeu aproximadamente meio milhão de reais em espécie durante o cumprimento dos 11 mandados de busca e apreensão na Operação Motor de Lama, denominação da 7ª fase da Lama Asfáltica, deflagrada nesta terça-feira. Um dos alvos da ofensiva, que apura esquema de corrupção no Detran (Departamento Estadual de Trânsito), é o advogado Rodrigo Souza e Silva, filho de Reinaldo Azambuja (PSDB).
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Conforme balanço divulgado pela Superintendência Regional da PF, foram encontrados US$ 49 mil (o equivalente a R$ 263 mil na cotação de hoje), 11.645 euros (R$ 74,5 mil) e 795 libras esterlinas (R$ 5,7 mil). “O montante ainda está sendo contabilizado, mas acredita-se que seja equivalente a cerca de R$ 500.000,00”, informou a assessoria.
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Além dos 11 mandados, o juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, determinou o bloqueio de R$ 40 milhões dos envolvidos no esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas no Detran.
Os policiais estiveram na casa de Rodrigo e no escritório de advocacia Ferreira e Novaes Sociedade de Advogados, que foi citado como o local onde o herdeiro do tucano gerenciava o esquema de propina JBS, conforme denúncia da subprocuradora-geral da República, Lindôra de Araújo. A presença da operação no local foi revelada pelo Midiamax.
Outro alvo foi o engenheiro Quirino Picoli, que já foi alvo de outras fases da Operação Lama Asfáltica. Ele é citado como um dos intermediários do empresário João Amorim, que não foi alvo desta ofensiva, mas chegou a ficar preso por um ano e 21 dias.
De acordo com a CGU (Controladoria-Geral da União), os empresários da área de informática enviaram remessas clandestinas de valores para o exterior. “Além de investigar os desvios de recursos públicos por meio de direcionamento de licitações públicas em contratações de serviço de vistoria veicular, o trabalho apura também o repasse de recursos ilícitos e utilização de ‘laranjas’ para ocultação patrimonial”, destacou o órgão.
A corrupção é um dos motivos para o sul-mato-grossense pagar pelo serviço de vistoria veicular um dos maiores valores do País. “O foco da investigação foi um contrato de vistoria veicular que atende todo o Mato Grosso do Sul, o qual conta com uma frota de mais de 1,6 milhão de veículos”, informou.
“Assim, o direcionamento da contratação impede que os preços se tornem vantajosos para o Estado, levando a um impacto que se reflete nos preços cobrados da população quando há necessidade de realizar uma vistoria veicular”, destacou a CGU.
A Operação Motor de Lama foi comemorada pelo Sindetran-MS (Sindicato dos Servidores do Detran). “Ao longo de 2020, o Sindicato dos Servidores do Detran (Sindetran-MS) fez uma série de denúncias de irregularidades no processo de terceirização da vistoria veicular no Detran de Mato Grosso do Sul. Buscando apoio da sociedade civil e até parlamentares, o Sindetran-MS alertou para possíveis irregularidades na terceirização e intenções escusas do governo e da diretoria do órgão”, afirmou o presidente da entidade, Octacílio Sakai Júnior.
“A falta de investimento e capacitação de funcionários ao longo desses 4 anos, junta-se a denúncias de irregularidades no credenciamento de empresas de vistorias particulares, publicadas na mídia, além de reclamações de servidores sobre a falta de fiscalização do órgão com a empresas particulares que realizam a vistoria veicular em todo estado, baseiam as ações do Sindicato contra a terceirização do setor de Vistoria e Identificação Veicular”, pontou o sindicato, em nota.
“É muito triste vermos mais uma vez, nosso Detran envolvido em escândalos de corrupção. Isso ocorre por interferência política e falta de uma gestão técnica. O Sindetran vem alertando para isso e vai continuar. Vamos seguir na luta para proteger o patrimônio público em qualquer esfera”, lamentou Júnior.
O Governo do Estado foi procurado, mas não se manifestou até o momento sobre a nova operação da PF.