Faltando cinco dias para o primeiro turno, a Polícia Federal deflagrou operação no mais absoluto sigilo – que todo mundo está sabendo – para investigar desvios na saúde em Corumbá, a 424 quilômetros de Campo Grande. Um dos principais alvos é o prefeito da cidade, Marcelo Iunes (PSDB), que disputa a reeleição e transformou a prefeito em fábrica de escândalos e negócios de família.
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A investigação foi autorizada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região, onde o tucano tem foro privilegiado. Esta é a terceira operação contra a corrupção em menos de 30 dias em Corumbá. A Operação Offset tem como alvo o irmão do chefe do Poder Executivo e ex-assessor do Governo do Estado, Márcio Iunes. Outra apura desvio de R$ 60 milhões na concessão de empréstimo consignado.
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Os policiais federais foram tomar café da manhã nesta terça-feira (10) com o prefeito da Cidade Branca. Após receber a equipe, o tucano trocou de roupa e deixou a residência. A operação cumpriu mandados de busca e apreensão na Secretaria Municipal da Cidadania, comanda pela primeira-dama da cidade, Amanda Cristiane Balancieri, na Central de Regulação e no Citolab, empresa em nome do irmão do tucano, José Batista Aguilar Iunes. Também visitaram uma loja no Centro da cidade.
A assessoria da Superintendência Regional da PF não deu detalhes da operação, mas confirmou que o principal alvo é Marcelo Iunes. “Em relação às diligências cumpridas pela Polícia Federal na cidade de Corumbá/MS, na data de hoje, por determinação do Tribunal Regional Federal da 3a. Região, a investigação está sob sigilo absoluto, não sendo autorizada a divulgação de qualquer informação”, limitou-se a informar. A corte só se envolve quando há autoridades com foro especial envolvidas, que é o caso de Iunes.
Um dos alvos é um laboratório que tinha o prefeito e a esposa entre sócios. Antes dele assumir o comando do município, após a morte do titular, Ruiter de Oliveira (PSDB), a esposa transferiu as ações para o cunhado. Desde então, João Batista é o único dono da empresa, que acabou beneficiada pelos contratos sem licitação com a prefeitura de Corumbá. Os repasses dobraram entre 2017 e 2018, de R$ 271 mil para R$ 442,6 mil.
Em Corumbá, os escândalos se sucedem de forma impressionante, sem precedentes em outra cidade brasileira. Os familiares do prefeito, que tem um dos maiores salários do Estado, foram beneficiados com o pagamento do auxílio emergencial, criado para ajudar pobres, desempregados e trabalhadores autônomos durante a pandemia da covid-19.
Apesar de todas as suspeitas de corrupção, Marcelo Iunes lidera as pesquisas com ampla vantagem, conforme levantamentos divulgados na semana passada. Caso as sondagens se confirmem no domingo, o corumbaense estará mandando as favas os princípios da administração pública.
As suspeitas de corrupção não podem levar o eleitor a condenar o tucano, já que não houve sentença da Justiça. Aliás, como é moda dos corruptos brasileiros, não houve decisão transitado em julgado.
Por outro lado, ao dar a reeleição ao tucano, o eleitor estará deixando a Justiça em mãos lençóis: como um juiz poderá cassar o mandato de um político aclamado por milhares?