Levantamento da CGU (Controladoria-Geral da União) aponta irregularidades no pagamento de auxílio emergencial a 1.682 pessoas em Mato Grosso do Sul. Além de 1.126 servidores públicos da ativa e inativos, que inclui um aposentado com salário de R$ 35 mil, houve o pagamento para 556 foragidos da Justiça, inclusive ladrões, golpistas e assassinos.
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Aprovado no início de abril, o auxílio de R$ 600 a R$ 1,2 mil começou a ser pago para ajudar trabalhadores informais e desempregados em decorrência da crise financeira causada pela pandemia do coronavírus.
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No entanto, devido à falta de controle da Caixa Econômica Federal e de cruzamento pelo Ministério da Cidadania, houve pagamento irregular para empregados com salário. Auditoria feita pela CGU e pela Controladoria-Geral do Estado, divulgado na segunda-feira, revelou que 1.126 servidores públicos receberam o benefício.
A maior parte do pagamento irregular teria sido feito a aposentados e pensionistas. Entre os 956 inativos com cadastro aprovado estava um aposentado com salário mensal superior a R$ 35 mil por mês – ou seja, ele ganha 58 auxílios em um único mês e ainda se aproveitou da situação para ganhar mais R$ 600.
Também foram encontrados 143 professores (12,7%), sendo que a maior parte era de convocados. No ano passado, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) reduziu em 32,5% os salários pagos a 9 mil dos 18 mil professores da rede estadual. O Governo anunciou a abertura de processo administrativo e judicial contar 259 por falsidade ideológica – porque declararam não ter vínculo empregatício.
O Governo federal ainda pagou auxílio para 556 foragidos da Justiça em Mato Grosso do Sul. A maior parte é referente a prisões decretadas pelas Varas da Família, como atraso no pagamento de pensão alimentícia. No Brasil, conforme o Fantástico, da TV Globo, foram mais de 27 mil foragidos.
Um dos beneficiados foi D. de S.L., réu por homicídio. Conforme o processo, ele invadiu uma casa no dia 27 de julho de 2009 e matou um homem a facadas para vingar a morte do irmão. Ele teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, mas nunca foi a julgamento nem localizado para responder pelo crime ocorrido há 11 anos.
L.M. de O. teve a prisão decretada por ter participado de um sequestro relâmpago em 9 de setembro de 2009. Conforme a denúncia do Ministério Público Estadual, ele e mais dois homens renderam o motorista na Avenida Mato Grosso e o obrigaram a entregar os cartões e as senhas. Em seguida, o grupo torrou os cartões em supermercados e padarias no Jardim dos Estados, onde compraram, entre outras coisas, duas televisões de 29 polegadas.
Outro foragido é F.D. de O.F., acusado de dar golpe nos patrões, um casal de idosos, entre os anos de 2007 e 2008. Conforme a acusação, ele era motorista da família e se aproveitou da confiança para pegar dinheiro e cheques das vítimas. A polícia estimou o prejuízo, na época, em R$ 33 mil.
Eles integram a relação dos 556 fugitivos que receberam o auxílio emergencial. A CGU informou ao Fantástico que encaminhou a relação dos beneficiados irregularmente ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). O Jacaré procurou o Ministério Público Estadual para saber se houve a abertura de investigação para apurar as irregularidades, mas a coordenadora do Gaeco, promotora Cristiane Mourão Leal Santos, não se manifestou a respeito do assunto.
Vítima de femincídio não recebeu auxílio
Na semana passada, O Jacaré publicou que Euzébia Clara Leite Pereira, a Clara Biac, 26 anos, assassinada a tiro em março, teria recebido o auxílio emergencial. No entanto, conforme o relato de uma familiar nas redes sociais, não houve o saque do benefício.
Clara Biac teve o cadastro aprovado automaticamente porque é beneficiária do Bolsa Família em Água Clara. Ela foi assassinada na tarde do dia 26 de março deste ano. O dinheiro ficou disponível na agência da Caixa Econômica Federal.
O Ministério da Cidadania foi procurado também antes da publicação da reportagem, mas só poderia repassar informações com todos os dados da beneficiária.