Waldemir Moka (MDB) passou a integrar o seleto grupo beneficiado pela farra das aposentadorias especiais no Congresso Nacional. Graças ao único mandato de senador, pelo período de apenas oito anos, ele conseguiu aposentadoria R$ 6,7 mil por mês. O valor supera o teto pago pelo INSS ao brasileiro comum somente após 65 anos de idade e por décadas de trabalho.
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O emedebista passou a receber o benefício em meados de maio deste ano ao ser incluído no Plano dos Congressistas. No mês passado, o pagamento foi proporcional e somou R$ 3.049. De acordo com a assessoria do Senado, ele terá direito a 7/35 do subsídio de R$ 33.763 pago a um senador da República.
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“O ex-Senador da República, Waldemir Moka, obteve direito à aposentadoria pelo Plano de Seguridade Social dos Congressistas (PSSC), com proventos proporcionais a 7/35 (sete trinta e cinco avos) do subsídio parlamentar, calculados em conformidade com o que dispõe o § 2º, do art. 2º, da lei 9.506/1997. Isto é, 1/35 (um trinta e cinco avos) por ano de tempo de exercício de mandato.Este compreendido como aquele durante o qual as contribuições previdenciárias do segurado foram vertidas ao PSSC”, informou.
Moka receberá R$ 6.752 por mês, 10% acima do valor máximo pago pelo INSS aos trabalhadores da iniciativa privada, de R$ 6.101,06. Só que o emedebista contribuiu por apenas oito anos, enquanto o cidadão comum paga a previdência por mais de três décadas e ainda vai precisar trabalhar até os 65 anos de idade para ter o benefício integral.
Ele se aposentou porque não conseguiu ser reeleito em 2018. Na ocasião, os eleitores optaram pelos senadores Nelsinho Trad (PSD) e Soraya Thronicke (PSL). Moka ficou em 3º lugar com 357,4 mil votos.
Natural de Bela Vista, ele foi vereador por Campo Grande, deputado estadual e deputado federal por três mandatos.
Moka não é o único a ser beneficiado com aposentadoria especial paga pelo Senado. Pelo exercício do mandato de senador por apenas quatro anos, entre 1983 e 1987, o ex-governador Marcelo Miranda Soares recebe R$ 8.778,38, conforme o Portal da Transparência do Senado.
O penúltimo a ser contemplado com o benefício foi o ex-senador Delcídio do Amaral (PTB). Cassado por unanimidade pelo Senado em maio de 2016, o ex-petista recebe aposentadoria de R$ 11.575,88 – 89% acima do teto pago a quem trabalha toda uma vida.
No ano passado, ao aprovar a Reforma da Previdência, o Congresso Nacional acabou com a aposentadoria especial dos parlamentares. No entanto, os atuais congressistas tiveram a opção de aderir ao privilégio antes dele ser extinto.
O grande problema da política brasileira é que o povo vem pagando a conta do déficit da previdência. Antes da reforma, o trabalhador poderia se aposentar com até R$ 6,1 mil se trabalhasse por até 35 anos.
Agora, além de contribuir por décadas, ele precisa ter, no mínimo, 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, para pleitear o benefício integral. A maioria absoluta recebe um salário mínimo de R$ 1.045 por ter contribuído pela vida toda, enquanto o senador é contemplado por um valor seis vezes maior por “trabalhar” apenas oito anos.
O problema não está apenas no privilégio, mas em quem paga a conta por ele.